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|| DreamAchieve || Sports & Performance

Psicologia do Desporto e Performance || Coaching Desportivo e Empresarial || Formação

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A primeira vez que sai de casa para jogar tinha 18 anos. Tinha finalmente conseguido o meu primeiro contrato, mas o clube ficava a um avião de distância, no Funchal.

 

Assim que recebi o convite não pensei nem meia vez. Aceitei!

 

Foi um frenesim para preparar tudo.. Malas, viagem, transferência para a universidade de lá.. Durante as duas semanas que faltavam para iniciar o campeonato eu andei de um lado para o outro, focada no meu objetivo, num sonho a tornar-se realidade.

 

Nesse momento eu não pensei no que ia deixar para trás. Mas para que qualquer sonho seja realizado, há que abrir mão de alguma coisa, e o preço não costuma ser barato.

 

Chegou o dia de ir... A minha mãe acompanhou-me para ajudar-me nos primeiros dias. Fomos um domingo e ela tinha bilhete de volta para quarta-feira.

 

Eu não podia estar mais feliz!

 

A minha mãe conheceu o lugar onde eu ia viver, treinar e estudar. Apresentou-se a treinadores, presidentes e a colegas de equipa. Andou comigo pelas ruas, a ver tudo o que ia precisar... Limpou a casa toda, cozinhou imensa comida e congelou alguma.

 

Quarta-feira de manhã eu tinha treino, não a podia levar ao aeroporto, mas o motorista do clube levou-a. Fui despedir-me dela ao elevador ainda com sono. Ela abraçou-me, disse algumas palavras, entrou no elevador, desceu... Caiu-me a ficha!

 

Estou sozinha!

 

Agora sou eu que cuido de mim.. As lágrimas caíram, solucei e tudo, tipo criança! Acho que não passaram nem dez segundos, um outro lado meu falou: "Pára de chorar! Limpa as lágrimas! Estás aqui! Conseguiste!"

 

Limpei a cara e fui preparar-me para o treino.

 

Não sei se houve algum dia em que estive na Madeira em que não tivesse falado com a minha mãe, e o apoio constante dela foi essencial!

 

Só que a decisão de perseguir o meu sonho foi minha.

 

Não é fácil abrir mão da presença de quem amamos pela nossa paixão, mas se abrirmos mão da nossa paixão por amor a alguém, esse amor nunca será verdadeiro.

 

Quando amamos alguém, desejamos que os sonhos dessa pessoa se realizem. E nisto, está incluído o amor próprio.

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Lembra-te de alguma vez que tenhas chegado a um nível de nervos tão grande, que tiveste vontade de bater em coisas!

 

Deixa-me ajudar-te a chegar lá.. O teu serviço de TV/Internet falha e pedes um técnico. Ele marca uma hora e não aparece. Ligas de novo, e dizem que não sabem a que horas irá.. Entretanto desmarcaste compromissos para estar à espera dele! Começas a perder o controle e a senhora do outro lado do telefone diz: "Tenha calma!", Como te sentirias?

 

Ou lembra-te de alguma vez em que aconteceu algo que te deixou triste, angustiado, com vontade de desistir de tudo.. Talvez até tenhas chorado..

 

Nesse momento alguém chega e diz "chorar agora não vale de nada, anda! A vida continua!" Como te sentirias?

 

Deixa-me tentar adivinhar.. Na primeira opção não ficarias com mais calma, ficarias ainda com mais vontade de bater em coisas (e na pessoa também!). Na segunda opção sentirias que aquela pessoa não te compreende, e talvez até já não desabafarias mais com ela. Estou perto?

 

Consegues confiar em alguém que não te entende? Acho que não!

 

Isso porque o segredo da influência está na empatia.

 

Líderes, treinadores, chefes de departamento, professores, cabeças de família, têm falhado em influenciar, porque têm falhado em entender quem está à volta deles.

 

Se alguém cai num buraco, de que me serve dizer a ela "Sobe!"? Eu terei que arranjar um forma de chegar a ela.

 

A influência funciona da mesma forma. Se eu me conseguir colocar no lugar da pessoa que quero influenciar e se eu conseguir entrar no mapa mundo dela, eu vou entender a sua necessidade, e o porquê das suas atitudes.

 

Além da pessoa sentir que a compreendes (às vezes é tudo o que alguém quer), vais entender tu também o que faz mais sentido para ela.

 

Quando a empatia surge, não só através do conteúdo da conversa, mas também através do tom de voz e linguagem não verbal, a pessoa irá confiar em mim o suficiente para me ouvir, porque sente-se compreendida.

 

Nesse momento começa a influência!

 

Usa-a agora de forma positiva! ;)

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Depois do treino, às vezes o meu treinador, Carlos Barroca, levava-me a casa... Acabávamos às 21:00 e se voltasse de transportes demorava uma hora e meia para voltar a casa.. Quando ninguém me podia levar, ele sempre se oferecia.

 

O Barroca foi uma das pessoas determinantes para o meu percurso ter sucesso. Acreditou em mim. Foi buscar-me ao CAR (Centro de Alto Rendimento) para dar-me uma oportunidade na Liga, quando eu ainda só tinha 17 anos.

 

Comecei bem, mas a minha imaturidade na defesa e no jogo tático revelou-se. Comecei pouco a pouco a jogar cada vez menos...

 

Nesse dia ganhei coragem para perguntar ao Barroca o que tinha acontecido, eu queria saber o que podia fazer!

 

"Eu queria fazer-lhe uma pergunta... Eu desiludi-o de alguma forma como jogadora?.. É que quase não tenho jogado, e sei que apostou em mim... O que posso fazer?"

 

Ele respondeu antes de eu terminar:

 

"Claro que não!... Tu estás a trabalhar bem. E deves continuar para poder contribuir sempre que for necessário. Mas neste momento a equipa está a funcionar com as jogadoras que têm jogado."

 

Durante muito tempo não entendi, como é que mesmo dando o meu melhor, eu não jogava. Mal sabe o Barroca o que me ensinou naquele dia...

 

O que é melhor para a Equipa, não é necessariamente o que é melhor para ti.

 

Se és capaz de abrir mão de tempo de jogo em campo, por outro que possa contribuir mais no momento, fazes parte de uma equipa!

 

Se és capaz de passar a bola, em vez de lançar, por saberes que outro está melhor posicionado, fazes parte da equipa!

 

Se és capaz de apoiar o que falhou, mesmo sabendo que no lugar dele terias acertado, fazes parte da equipa!

 

És capaz de abrir mão de ti pela equipa? Se és, fazes parte!

 

Se não, podes até destacar-te, mas estarás destinado a jogar sozinho. Dentro e fora de campo!

 

(Foto tirada ao Barroca pela minha mãe, depois de sermos campeãs nacionais de juniores nesse ano. Molhar o treinador era sempre um dos momentos mais aguardados!)

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Quando se pergunta a alguém, qual é o primeiro sinal de que a pessoa está a mentir, a resposta geralmente é: "A pessoa não olha nos olhos!"

 

Vamos imaginar que uma mulher foi vítima de maus tratos, ou até vítima de violação.. Será que ao relatar os factos, ela irá olhar nos olhos de alguém?

 

Vamos imaginar outro cenário.. Uma criança foi abusada, e é-lhe pedido que conte como aconteceu. Ela irá olhar nos olhos da pessoa a quem está a contar o ocorrido?

 

Vamos imaginar ainda outro cenário... Um homem que viu a sua mulher ser brutalmente assassinada mesmo à sua frente.. Será que ao contar o que sucedeu, ele irá olhar nos olhos?

 

Já devem ter percebido onde quero chegar.. Não olhar nos olhos não quer dizer nada. Quer apenas dizer isso, que não está a olhar nos olhos. As razões são infinitas:

 

Vergonha, frustração, trauma.. E por aí vai.

 

Para analisar uma mentira é preciso analisar o contexto, se este faz sentido ou não, e para isso existem técnicas de interrogatório, como por exemplo:

 

- Perguntar a mesma coisa de várias formas diferentes, ajuda a perceber se a pessoa está a mentir.

 

- Analisando o comportamento padrão em perguntas que a pessoa dirá a verdade (nome, morada, infância.. Etc), e depois perguntar o que queremos saber, e analisar se o comportamento muda.

 

O vídeo (Série "Lie to me" 1x1) mostra um rapaz numa sala de interrogatório. Nas primeiras duas perguntas, pode observar-se que ele não olha logo nos olhos, pois está a aceder a algum tipo de lembrança/memória para poder responder.

 

Na última pergunta, ele fixa o olhar, e reponde.

 

Além de ter mudado o comportamento padrão, respondeu sem ter de aceder a nenhuma memória, o que pode indicar que ele respondeu o que tinha decorado. Isso é um indício de mentira.

 

Curioso que aqui o maior indício de mentira, foi o facto de ele ter olhado nos olhos, e não o contrário.

 

 

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Estávamos em pleno estágio da seleção de sub16, no pavilhão da FMH (Faculdade de Motricidade Humana). Só quem treinou naquele lugar sabe o bafo que está lá dentro no Verão, parece um microondas.

 

Já estávamos no terceiro ou quarto dia de estágio, no segundo treino do dia, e depois de 1:20 de treino, a Isabel e o Rui dividiram duas equipas e começámos a fazer jogo. Eu já não era grande defensora, e estava arrebentada. As minhas pernas tremiam já..

 

Um contra um e a minha adversária marcou, na vez seguinte levei um corte nas costas..

 

A Isabel parou o treino, com aquele assobio característico, irritadíssima. Quando ela falava irritada, o cabelo curtinho dela abanava todo, parecia que falava com o corpo todo!

 

"Nádia, se eu não te vir a defender com o rabo a um palmo de distância do chão, eu juro que vais correr meia hora depois do treino!!" Disse isto com a mão dela bem aberta, para tornar aquela distância ainda mais real!

 

Não me lembro bem, mas acho que não dei muita importância. Como é que eu ia correr meia hora depois de já ter treinado de manhã, e estar a fazer mais um treino de duas horas? Loucura...

 

Acaba o treino, atirei-me para o chão, para tirar as sapatilhas. Já só pensava em banho, jantar e cama!

 

Quando começo a desatar os atacadores, o Rui, com um sorriso maléfico, pergunta-me "O que estás a fazer?" Eu fiquei a olhar para ele... E ele faz-me um gesto de círculo, com o dedo indicador, e diz: "Bora! Meia horinha!" E eu a rir e a tirar a primeira sapatilha.. A Isabel passa e o Rui confirma com ela.... Hora do castigo.

 

O Rui meteu o cronômetro a contar e começou a primeira volta comigo, para marcar o ritmo. A Isabel ficou sentada a ver o treino da seleção masculina, que entretanto tinha começado a treinar.. E eu a correr à volta do campo. Que horror.. Que vergonha..

 

Nas últimas voltas acho que já ia a arrastar os pés, o Rui deu-se conta e começou a correr comigo...

 

Ele era na altura treinador do CPN, equipa vencedora do campeonato nacional. A minha equipa, CIBA, tinha ficado em segundo.. Tínhamos perdido na final contra ele.

 

O Rui fez-me voltar àquela final nacional, fez-me entrar naquele campo.. E enquanto corria ao meu lado disse: "Imagina que ainda estás naquele jogo, e que ainda tens hipóteses de ser campeã nacional.. Mesmo cansada, o que farias agora?"

 

Eu comecei a lagrimejar, mas aquilo deu-me forças para cumprir a meia hora de corrida.

Terminei!.. E ele fez mais uma pergunta que por vezes me vem à memória quando penso que não consigo fazer algo: "Achavas que conseguias?" Eu respondi que não.. Ele disse-me:

 

"Tu és capaz de muito mais do que aquilo que pensas!"

 

Verdade. Eu desistia antes mesmo de tentar. Eu só fazia o que já estava habituada a fazer.

 

Os limites são mentais, nunca reais!

 

Fiquei em modo deprê até me ir deitar... Fiquei imenso tempo na cama, vestida e de chinelos, em cima dos lençóis sem me poder mexer...

 

Entra a Isabel! (Música dramática a tocar na minha cabeça)

 

Ela olhou para o meu estado e perguntou-me se eu queria ajuda para meter o pijama. Eu disse que não era preciso, mas continuava imóvel.

 

Quando dou por mim, está a Isabel com o meu pijama na mão... Eu, as minhas colegas de quarto e a Isabel começámos a rir..

 

Mesmo dentro daquele "castigo" todo, que se transformou numa lição, eu vi o quanto eles acreditavam em mim. Aquele cuidado, até hoje, não foi em vão..

(Foto: Estágio na Bélgica, sub16, em 2002)

Gostava que todos começassem a prestar mais atenção às palavras que dizem. Elas estão diretamente ligadas aos resultados alcançados.

 

Quando acreditamos em algo, a nossa postura, comportamentos, decisões, atitudes e conversas giram à volta dessa mesma crença.

 

Está mais que comprovado que a comunicação não verbal mostra aquilo que verbalmente não conseguimos, ou não queremos expressar.

 

Mas, recentemente, foi comprovado por uma psicóloga docente da Universidade de Harvard (Amy Cuddy), que não só o que está por fora é influenciado pelo que está no interior, mas que conseguimos manipular as nossas emoções através da nossa postura.

 

Há umas semanas atrás estava a falar com uma amiga que encontrava-se bastante incomodada com uma situação que estava a passar. Há meses que lutava para mudar a situação, e não conseguia.

 

Naquele momento ela chegou a um pico de emoções... Chorou, desabafou, e disse que não estava a conseguir, que não entendia nada.

 

Então fiz um pequeno jogo com ela. Pedi para que durante 60 segundos ela fizesse uma encenação. Que me contasse outra vez o que estava a acontecer, mas como se estivesse muito confiante!

 

Ela começou a limpar as lágrimas e a rir-se da parvoíce que tinha acabado de dizer, mas acho que pelo afeto que tinha por mim, acabou por entrar na brincadeira. Eu já estava com a minha lupa científica a observar, queria mesmo saber se resultava numa situação tão drástica.

 

E resultou!

 

Apenas 60 segundos foram suficientes para ela sentir-se mais segura. O discurso começou um pouco lento, mas foi acelerando! Começou baixo, e o volume foi aumentando! No fim ela já dizia que, ainda que não conseguisse trabalho em lado nenhum, iria abrir a sua própria empresa!

 

Deste jogo saiu uma ideia que está a ser trabalhada. Um novo caminho, uma nova motivação, um novo "Eu consigo!"

 

Existem pessoas que dizem "Eu consigo!", e pessoas que dizem "Eu não consigo!"... Ambas estão corretas!

13 Jun, 2016

SEM ESCOLHA

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Um marroquino de 17 anos a cumprir uma medida judicial porque tinha roubado um portátil.

 

Que miúdo espetacular. Brincalhão, conversador, inteligente, simpático, educado.. Pontual, cumpridor...

 

Perguntam-se porque está então, um rapaz assim, no mundo do crime. Pois eu explico...

 

Querer suprir as necessidades da família não é desculpa para roubar, mas querer suprir as necessidades da família, e não ter muito mais possibilidades de fazê-lo, quem sou eu, ou quem quer que seja, para julgar?

 

A mãe doente, o pai (marroquino) sem licença para trabalhar no país, 7 irmãos pequenos para alimentar..

 

Alguém ainda pode dizer para que o miúdo trabalhe.. Pois é, mas quem quer empregar um rapaz de 17 anos com cadastro, marroquino, sem estudos completos?

 

Ainda mais alguém diz "Ele que estude, cabeça para isso tem!". Pois é, mas o sistema educativo já só lhe permitia fazer um curso profissional, e era isso que ele estava a fazer, em mecânica. Nada contra os mecânicos, graças a eles ainda tenho carro... Mas não era o que ele queria!

 

Ainda outro qualquer ainda diz, "Não é melhor mecânica que não estudar coisa nenhuma?". Na verdade até pode ser, mas ele passou de uma não escolha, para uma outra não escolha.

 

Simplificando: deram-lhe a escolher entre A e B, só que ele queria C.

 

Então quando ele me disse que, quando terminasse de cumprir a pena, se a família voltasse a sentir necessidade, ele roubaria de novo, eu pensei "O que estou aqui a fazer?". Estou aqui a trabalhar com ele, supostamente em reinserção social, para ele sair daqui e precisar novamente de roubar?

 

Mais grave que isto era ele realmente acreditar que teria necessidade de fazê-lo durante muito tempo. Ele não acreditava que iria tornar-se alguém com sucesso suficiente para suprir as necessidades da família de forma legal.

 

Porquê?

 

Quem é que acredita que irá ter sucesso em algo que detesta fazer?

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Ontem foi o último dia de aulas do meu irmão. Ele achou por bem festejar em grande estilo, foi para a escola com os calções do avesso e com o bolsos a sair para fora!!

 

Ele também tinha combinado ir almoçar fora com os colegas de turma... Imaginem a figura na rua! O giro foi quando percebeu que não tinha levado a carteira no bolso, porque eles estavam do avesso! Não tinha como guarda-la aí! Lá teve que ir a minha mãe levar-lhe a carteira à escola...

 

A aprendizagem nesta situação está na atribuição ao significado deste acontecimento. Eles estão sempre à nossa volta e somos nós que determinamos o que eles significam para nós.

 

Muitas mães ficariam chateadas por muito menos. Achariam uma chatice ter que voltar à escola porque o miúdo se esqueceu da carteira com uma brincadeira parva. Ou então que ele se desenrascasse, ou nem fosse almoçar com os amigos.. A culpa era dele que se esqueceu!

 

Essa atribuição de significados, depende da pessoa que que passa pelo acontecimento, e isto está diretamente ligado à forma como nos sentimos, à forma como agimos, e aos resultados que obteremos.

 

Ontem atribuímos em família um significado bem engraçado a este acontecimento! Conseguimos rir todos da situação! E o miúdo foi almoçar fora com os calções do avesso!

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Tinha 12 anos quando comecei a andar de comboio para ir para os treinos. A Monica Abraços encontrava-se comigo a caminho para eu não andar sozinha na Amadora. Era a única forma dos meus pais me deixarem ir treinar.

 

Eu treinava só quartas e sextas no meu primeiro ano de iniciada, não faltava nem que o mundo caísse. Mas um dia o "mundo caiu" e eu tive que faltar.

 

Uma quarta-feira de temporal em Novembro, choveu durante horas, e a minha mãe não me deixou sair de casa. Fiquei tão chateada...

 

Mais ainda fiquei quando na sexta-feira a minha treinadora, Suzy, disse: "Vocês não têm sentido nenhum de compromisso! Só vieram 6 treinar na quarta, como é que vamos ganhar jogos assim?" E eu: "Falta de quê?" Nunca mais falto.. Falta de compromisso nunca!

 

Quarta-feira seguinte.. Temporal de novo, ainda pior que o da semana anterior. Não disse nada à minha mãe, porque sabia que não me ia deixar ir.. Sai das aulas e meti-me no comboio.. Estava a chover a ponto de só se ver cinzento... E pior! Onde estava a Monica Abraços? Não entrou na paragem combinada! Não estava na Amadora. Não veio treinar! Mas eu não podia faltar outra vez..

 

Saí sozinha da estação, e fui no meio da chuva. Faltavam 30 minutos para o treino e não podia chegar tarde. O meu casaco era enorme, eu gostava de usar roupa larga, e estava cada vez mais pesado.. Eu a pingar!

 

Cheguei à porta da Academia Militar e não estava ninguém! Olhei para o telefone e tinha uma mensagem da minha treinadora Suzy: "Devido ao temporal, hoje não há treino!"

 

WHAT? E agora?

 

Avisei a minha mãe! Ela furibunda mete-se na IC 19 totalmente entupida! Pediu à minha tia para ir-me buscar. Ela vivia a 2 minutos de distância, mas com o caos, demorou meia hora a chegar aonde eu estava.

 

Acho que nunca estive tão molhada, nem dentro de uma piscina. Se tivesse gel de banho ali, já tinha aproveitado para tomar banho...

 

Depois de 2 horas de trânsito, a minha mãe chegou! Gritou! Cheguei a casa, ela ligou para o meu pai, que estava em Angola! Ele gritou! Eu chorei! Baba e ranho... Solucei e tudo!.. Que frustração..

 

Sexta-feira no treino olhei para a Suzy e disse-lhe: "Da próxima avisa-me mais cedo, porque eu chego sempre com antecedência!" Expliquei-lhe chateada o que aconteceu.. E ainda disse: "Nunca mais digas que não tenho compromisso! Porque eu estava cá e tu não!" Acho que ela nem ouviu... Só me lembro de ela começar a rir-se de qualquer coisa...

 

Um mês depois subiram-me de escalão para as cadetes. O meu treinador nos cinco anos seguintes passou a ser o Nuno Manaia.. Mais histórias para contar aqui...

 

Sinceramente... Se nunca fizeste uma parvoíce destas pelo teus objetivos, se nunca ninguém gritou contigo porque fizeste uma asneira pelos teu sonho, então, é porque não queres o suficiente!

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