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Psicologia do Desporto e Performance || Coaching Desportivo e Empresarial || Formação

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30 Jan, 2017

EFEITO PLACEBO

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Há uns anos atrás, num jogo para um europeu de sub-20 na Polónia, aconteceu-me um fenómeno engraçado, chamado "Efeito de Placebo". Eu sabia o que era, mas nunca tinha vivido isso na pele, e na altura parecia real.

 

Antes do jogo contra a Holanda, na sessão de vídeo, deram-nos bebidas energéticas. Creio que quase todas bebemos... De repente eu estava cheia de pica.

 

Não estou a exagerar. As minhas pernas pareciam molas, sentia-me quente, com vontade de saltar e de partir a loiça toda. Estava convicta de que ia ser o jogo da minha vida.

 

Não sei exatamente o que aconteceu, só sei que na primeira parte tinha 15 pontos, dois triplos e estávamos a disputar o jogo.

 

Um dos triplos que marquei foi depois de sofrer um bloqueio duplo em afastamento do cesto, recebi a bola a um tempo de frente para o cesto, lancei a cair para trás, e a bola entrou sem espinhas.

 

Estavam dois olheiros de universidades americanas nas bancadas, que metiam as mãos à cabeça cada vez que eu marcava ponto. Foi a primeira vez que recebi convites para ir para o Estados Unidos.

 

Obviamente que não foi a bebida energética... Ainda se fosse só correr, ou saltar, mas o facto de ter jogado bem, marcado pontos... Onde quero chegar com isto?

 

Tenho encontrado muitas pessoas há espera do seu "Efeito Placebo". Dizem que para conseguirem alcançar os seus objetivos precisam de coisas que na verdade não precisam.

 

Pessoas que precisam de ajuda de alguém para começar a fazer exercício, que precisam de mais tempo para começar um novo projeto, que precisam de mudar de emprego para se sentirem felizes, e outras que precisam de uma bebida energética para jogar bem...

 

Os atletas têm imensas superstições e rituais que fazem para se sentirem mais confiantes. Até aí tudo bem, mas quando a nossa vida depende de que algo aconteça, e quando estamos convencidos de que está nas mãos das circunstâncias a resposta para eu tomar uma atitude, a coisa fica pior.

 

Mesmo que hoje alguém te ajudasse, mesmo que hoje tivesses mais tempo, mesmo que hoje mudásses de emprego, a maior parte das vezes essas coisas têm apenas um Efeito de Placebo. Porque na verdade não foram esses acontecimentos que mudam os teus resultados, são as atitudes que começas a ter quando esses acontecimentos surgem. Que, vamos ser sinceros, podem surgir ou não! Vais ficar à espera?

 

Essas atitudes novas que ainda não tiveste por estares pendente de alguma coisa, pensa bem se realmente precisas que elas aconteçam. Pensa bem se precisas do que quer que seja para começar.

 

Sabes bem que na verdade podes começar já hoje.

 

Quem muda as circunstâncias és tu, e não o contrário.

 

A não ser que as bebidas energéticas tenham poderes... Será isso?

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Quem nunca carregou no botão Snooze? O despertador toca de manhã e a primeira reação é carregar naquela opção que nos permite dormir mais 5 minutos.

 

Mais 5, mais 10, mais 20 minutos... E quando damos conta temos que saltar da cama porque já estamos atrasados! Banho a correr, pequeno-almoço nem sempre há tempo, saímos à pressa em modo automático para mais um dia, mais uma semana, mais um mês...

 

Essa rotina muitas vezes faz-nos chegar ao ponto de um dia perguntar se o que estamos a fazer vale mesmo a pena. A este ritmo é raro ter tempo para pensar no que realmente queremos, nos nossos valores prioritários, nos nossos objetivos, nos nossos sonhos...

 

Apenas sabemos que não estamos inteiramente felizes, que não nos sentimos completamente satisfeitos, que estamos sempre cansados e sem tempo...

 

Então limitamo-nos a sobreviver. Tudo por causa de um botão? A sério?

 

Começo realmente a acreditar que sim... Não apenas aquele botão snooze no alarme do telemóvel, mas o botão que dentro da nossa mente nos faz adiar coisas.

 

Constantemente vejo pessoas a adiar o que realmente querem por causa das coisas que "tem que se fazer".

 

"Tenho que fazer isto, tenho que fazer aquilo..."

 

"Não tenho tempo, quando tiver eu faço aquilo que tanto quero..."

 

"Não tenho dinheiro, quando tiver faço aquilo que tanto quero..."

 

"Não tenho coragem, não é a hora certa, não tenho ninguém que me ajude... Quando der eu faço."

 

"Eu quero mas não dá..."

 

Botãozinho Snooze da vida...

 

Só que esse botão não adia o que tu queres apenas 5, 10 ou 20 minutos... Adia 5, 10 ou 20 semanas, meses, ou até anos...

 

Há quanto tempo queres aquilo que mais queres, mas ainda não quiseste o suficiente para que se torne realidade?

 

Não carregues mais no botão! Levanta-te da cama, e começa a viver a vida que sempre desejaste.

 

Dica para hoje antes de te deitares:

 

Primeiro passo: Escreve num papel todas as desculpas que tens dado para adiares as ações que te levarão a realizar os teus sonhos. Escreve todos os teus pretextos. Sê sincero contigo neste exercício, sem tretas! Sê real. Escreve tudo.

 

Segundo passo: Questiona todas as tuas desculpas! Pergunta a cada uma delas: "Isto é realmente verdade?" Vais perceber que não!

 

Terceiro passo: Rasga-as, queima-as, destrói as desculpa da forma que te fizer sentir melhor.

 

Quarto passo: Começa a viver sem desculpas.

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A primeira vez que fui à seleção de seniores, tinha 18 anos, e a convocatória era para ir aos Jogos da Lusofonia em Macau.

 

Tinha apenas 15 dias que me tinha mudado para a Madeira... Parecia que tudo de bom finalmente me estava a acontecer, e esta viagem foi mais uma dessas coisas espetaculares.

 

Lá fui... Funchal para Lisboa, Lisboa para Frankfurt, Frankfurt para Hong-Kong, e finalmente Hong-Kong para Macau... Quase um dia inteiro nisto...

 

Sabem aquela cena do burro do Shreck, que enquanto viajava para o reino chamado Bué Bué de Longe, perguntava a cada 5 min "Já chegamos?... E agora já chegámos?.." Eu estava nesse estado de ansiedade.

 

Ficámos num hotel muito bom!.. Se não me engano fiquei num quarto no 18o andar. Macau parece Las Vegas... Hotéis de luxo, casinos... Há parques muito giros também.

 

Sinceramente só de estar ali, com aquele grupo de jogadoras seniores, num país e continente novo, para mim já era bastante bom.

 

Chegou a hora de competir e eu já esperava não jogar muito tempo. Ainda assim joguei em todas as partidas e consegui marcar pontos em todas as partidas...

 

Um certo jogo, ao intervalo, uma das jogadoras do cinco inicial, não podia entrar no terceiro período (não me lembro se se lesionou, ou algo parecido...) então faltava uma jogadora para completar o 5 que iniciaria a segunda parte.

 

O Carlos Portugal, selecionador da época, entrou no balneário, disse o que tinha para dizer, e depois disse: "Não sei quem ponho a jogar...."

 

Eu nesse momento olhei fixamente para ele! Foi apenas um segundo que parecia uma eternidade... Eu queria ser escolhida!

 

"Quem quer jogar?" - Perguntou ele.

 

Ao mesmo tempo que me perguntava se ele estava mesmo a fazer aquela pergunta para nós respondermos, não dei tempo a mais ninguém, levantei o braço e disse bem firme: "EU!"

 

"Tu?... Tá bem!.. Vais entrar, defendes a jogadora tal, e jogas a 3".

 

Fiz uma pequena dança de alegria na minha mente...

 

Entrei em campo, marquei 4 pontos, e voltei para o banco... Valeu a pena!

 

As minhas colegas, em tom de brincadeira, durante uns dias chamaram-me bombeira voluntária, por me ter oferecido para jogar.

 

Uma coisa que sempre tive dentro de mim foi aproveitar as oportunidades, e isso eliminava muito a ansiedade ou medo de errar. Eu tinha era medo de não aproveitar o meu tempo de jogo... Ou de não aproveitar quando estava sozinha para lançar! Isso sim roía-me por dentro!

 

Às vezes é mesmo só pôr na balança... O que pesa mais? O teu medo de errar, ou o teu arrependimento quando não aproveitas uma oportunidade?

 

O que perdes em arriscar?

 

O que ganhas em nem sequer tentar?

16 Jan, 2017

RODINHAS

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No primeiro ano que fui para a Madeira, tive muitas dificuldades em adaptar-me. Esse tinha sido o Verão que mais tempo de férias tive (3 semanas), e estava super em baixo de forma.

 

Lembro-me que na primeira semana não conseguia fazer mais de 5 campos seguidos sem começar a faltar-me o ar. Fazíamos um exercício de 3 contra 0, 9 campos de lançamento na passada, sem falhar. Eu ficava para trás nos últimos 3 campos...

 

Além disso, os treinos começaram segunda, e quarta de manhã eu não conseguia andar bem, de tantas dores musculares que tinha... Nunca mais fiquei tanto tempo sem treinar como naquela época.. aprendi a lição.

 

Os meus treinadores falaram comigo em particular, sobre o meu estado físico, que era inadmissível. Mas não foi só isso que eles fizeram... O que normalmente acontece é que te chamam à atenção de algo, e mandam desenrascar-te.

 

Primeiro marcaram uma consulta com a médica, para traçar objetivos de perda de peso, e construir um plano alimentar. Depois fizeram-me um treino extra de cardio, 3 vezes por semana, para ajudar na perda de peso e também aumentar a minha resistência.

 

Custou-me imenso. Sempre me custou fazer qualquer tipo de corrida sem bola, durante tanto tempo, e ainda por cima sozinha. As minhas colegas gozavam comigo, chamavam-me "Rodinhas", por andar a correr à volta do campo.

 

Não sabia no que pensar, ficava frustrada, e a cada volta olhava para o relógio. Horrível... Até que deixou de ser!

 

Decidi pensar de outra forma, e dar outro significado à situação. Comecei a pensar que era mais especial por ter tido essa atenção. Em vez de pensar que era pior que as outras, comecei a pensar que ia ser melhor.

 

O tempo desse treino ia aumentando de acordo com a evolução, até que já não foi preciso.

 

Com o tempo começou-se a notar a evolução, comecei a jogar mais tempo, era a sexta ou a sétima jogadora, e não me cansava dentro de campo. Saltava mais, corria mais, e durante mais tempo....

 

Comecei a poder concentrar-me mais no basket em si, em vez de gerir a minha energia, que tinha de sobra.

 

Quando decidi que não era a que estava em pior forma, mas ia ser das que estava em melhor forma, foi exatamente isso que aconteceu.

 

Quando damos a volta ao significado de certas coisas, essas coisas tornam-se aquilo que quisermos.

 

Consegues imaginar o que podes fazer com isso?

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Quando comecei a jogar basket, era tudo um sonho. Dentro de mim pensava poder alcançar os patamares mais altos a nível mundial.

 

Creio que quando começamos a fazer algo de que realmente gostamos, é assim. Imaginamos chegar a ser os melhores do mundo, e que toda a gente vai queres nos conhecer.

 

Eu imaginava WNBA, imaginava seleção nacional, imaginava afundar um dia, imaginava entrevistas, autógrafos, campeonatos, taças, prémios....

 

A nossa imaginação vai até onde nós quisermos, e eu defendo que devemos usá-la como ferramenta de motivação.

 

Muita gente despreza esse poder da imaginação, porque falha em ser verdadeiro consigo mesmo sobre aquilo que sonha!

 

Os nossos sonhos devem ser de acordo com aquilo que perseguimos, não com o que aquilo que vemos em outras pessoas e achamos giro.

 

Quando te imaginares a vencer, já tens de estar ao mesmo tempo a planear o que vais fazer, se possível já hoje, para alcançar o teu sonho.

 

Um sonho é fragmentado em objetivos, e objetivos são fragmentado em tarefas diárias.

 

Quanto sonhares, sê sincero contigo... Pergunta-te se estás realmente disposto a pagar o preço.

 

Porque se assim não for, vais ser mais uma daquelas pessoas que diz que sonhar é para "rockies" (caloiros). Para quem, como eu um dia, está apenas a começar.

 

Quando vires que as coisas não estão a acontecer, dirás que o melhor é deixar de sequer atrever-te a desejar algo. Quando te perguntarem como estás, dirás a célebre frase: "Vai-se andando..."

 

Andando para onde? Sei lá.. Para onde as circunstâncias te levarem. Já não és tu que controlas o teu futuro, são as coisas que te rodeiam. Tudo porque não te atreves a sonhar. Tudo porque um dia falhaste em ser sincero com os teus sonhos.

 

Um sonho não é uma alucinação, é uma visão do futuro. Se existir disposição para o alcançar.

 

Sê sincero contigo e com os teus sonhos e poderás chegar longe. Muito longe... Tão longe quanto a tua imaginação te pode levar.

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CONCLUSÕES

 

Fui tratar de alguns documentos em Luanda, e como disseram que a fotografia que tinha não dava, porque o fundo não era suficientemente branco, tive que ir tirar outra.

 

Tirei esta:

 

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A princípio tudo bem... Tinha os formulários todos preenchidos, tudo o que precisava numa pasta. Mas a foto não podia ser esta. A camisa não pode ter letras.

 

O meu pai disse que já estava a adivinhar. Havia uns fotógrafos na porta do local onde estávamos a tratar da documentação, que tiram fotos tipo passe a quem tem problemas com as que traz.

 

Acontece quase sempre de metade das pessoas terem que ir pedir aos rapazes para tirar "uma fotografia adequada". Ao que parece, os fotógrafos pagam comissão...

 

Enfim.. não tinha outra forma, fui à procura de um dos fotógrafos. O detalhe é que eu estava com a camisa que tinha na foto, porque tinha tirado nesse dia, então para tirar uma nova, tive que pôr a minha t-shirt do avesso...

 

Fui à casa-de-banho, pus-me do avesso e fui ter com um dos rapazes. Afinal a casa de fotografias ainda era noutra rua, e sem tempo de avisar ao meu pai, fui guiada para um beco:

 

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Comecei logo a pensar que ia ter que lutar com alguém. E o meu pai não sabia de mim.. Depois ele confessou-me que pensou que me tinham raptado.

 

O fotógrafo meteu-me numa parede que tinha um lençol estendido para fazer de fundo branco. Endireitou-me os ombros e tirou-me uma foto.

 

Esperei uns minutos e ele voltou a dizer que a foto não tinha ficado bem... Que se via muito o cabelo e que não se via as orelhas. E eu: "O quê? Como assim não se vê as orelhas? As orelhas são para se ver?"

 

Ao que parece sim... "Mana, vamos ter que pôr guardanapo atrás das orelhas para se ver!" E eu:" Eu não vou pôr nada atrás de nada! Ninguém me disse isso, só me disseram que não podia ter letras na camisa!"

 

"Eu sei mana, eles não só dizem uma coisa de cada vez! Quando levares estas fotos, vão te mandar vir cá outra vez. É melhor já fazer tudo!"

 

Caramba, ele podia não ter dito nada, e ter-me tirado mais dinheiro...

 

Deram-me um guardanapo, cortaram umas tirar e fizeram umas bolinhas:

 

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Enquanto me preparava para tirar o última foto, com a camisa do avesso, com o cabelo todo puxado para trás, com guardanapo atrás das orelhas, e com o fotógrafo a endireitar-me os ombros e a cabeça como se eu fosse um quadro de parede, comecei a rir-me à gargalhada com toda a situação.

 

O fotógrafo começou a rir, a minha prima que estava comigo começou a rir. A minha felicidade maior foi aperceber-me que, se eu não tivesse a perspetiva que fui ganhando ao longo do tempo, eu não estaria a rir. Estaria chateada por ter que tirar mais fotos, estaria irritada com o rapaz, estaria a zangar-me e talvez até a gritar e a ser mal-educada.

 

O resultado final foi assombroso:

 

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Nádia Alien... Contei esta história a toda a gente com quem me sentava para conversar... "Tenho história super engraçada para contar!" Começava eu já a rir... Querendo ou não, as pessoas que ouviam já riam também!

 

Engraçado, tenho a certeza que se eu começasse a contar a história chateada e num tom agressivo "Pah, este país é incrível, sabes o que me aconteceu hoje?", que as pessoas entrariam na onda de também reclamar do país.

 

Chego à conclusão que as pessoas que nos rodeiam, as culturas, as pessoas, os acontecimentos, eles são o que nós somos. Quando descreves algo estás a descrever-te a ti.

 

Pessoas amarguradas vêm amargura em tudo, pessoas tristes vêm tristeza em tudo... Mas as pessoas felizes vêm felicidade até em becos assustadores. E conseguem fazer com esses becos surjam sorrisos, risos e gargalhadas.

 

E é assim que tocamos na vida das pessoas:

 

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"Obrigada rapaz, pela tua sinceridade e profissionalismo. Deus vai honrar o teu trabalho! Vamos tirar uma selfie?"

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A BELEZA QUE POUCOS MOSTRAM

 

Hoje gostava de mostrar um pouco daquilo que normalmente não se mostra de Angola.

 

Esta é a vista desde a casa da minha família:

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Parámos numa rotunda, olhei para o lado:

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A andar na rua:

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Largo 1o de Maio, onde Agostinho Neto proclamou independência em 1975 - Estátua em homenagem:

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Marginal:<

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Clube Natico na Ilha:

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Ponta da Ilha:

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Praia da Ilha:

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Vista da Ilha para a cidade de Luanda:

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Na ponte que passa o rio Kwanza:

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Visto do Parque da Quissama para o rio Kwanza:

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Safari no Parque da Quissama:

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Praia no Mussulo:

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Ainda assim, nenhuma máquina é capaz de mostrar aquilo que os nossos próprios olhos conseguem ver. Só mesmo estando lá...

 

A beleza de um lugar, se não a vemos pessoalmente, sempre vai depender de quem te conta sobre ela. E deve ser por isso, que muitas pessoas não têm ideia da beleza deste país.

 

Até amanhã

Nádia Tavares

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PERGUNTAS

 

Quando comecei a entender que os pontos de vista diferentes dos meus também eram válidos, comecei a ficar super curiosa por conhecer novas formas de pensar, de opinar e de viver.

 

E quando percebi que a cultura angolana era tão diferente da minha, comecei a fazer perguntas, tipo CSI, para entender os porquês dos comportamentos.

 

Todos os comportamentos, formas de ser e pensar, têm explicações com raíz na cultura, educação, experiências vividas, contexto que se vive, condição que se tem, e outros fatores... E foi tudo isso que quis explorar...

 

Como são as pessoas?

 

Muito chegadas, alegres, conversadoras... Os vizinhos são família, as crianças crescem juntas, chamam-se de primos e irmãos mesmo sem o serem. Em geral, o tradicionalismo faz com que sejam pessoas mais respeitadores com os mais velhos, e que os valores familiares sejam muito evidentes.

 

Como é a sociedade?

 

A maioria ou tem muito dinheiro, ou não tem quase nada. A classe média está em minoria.

 

Como são os preços?

 

Tudo é mais caro. A carne é 3 vezes mais cara que em Portugal (carne de porco é 25€/Kg), a fruta também (a romã é 17€/Kg), a gasolina é muito mais cara e está a subir, a roupa é o dobro pelo menos, o cinema (ou qualquer tipo de lazer) também é o dobro.

 

Como são os salários?

 

Pensando nos mais preocupantes, uma empregada doméstica pode chegar a receber 150€ por mês, mais ajuda na alimentação e transporte.

 

Como estudam os filhos das pessoas que não têm condições?

 

A maior parte das vezes, deixam de estudar cedo, e começam a trabalhar.

 

Se não têm estudos trabalham e vivem de quê?

 

Do que aparecer. Desde vender na rua, até a possibilidade de trabalhar como segurança numa casa ou empresa. O mais provável é que também não tenham muitas condições, e que os filhos tenham o mesmo tipo de rotina.

 

É possível quebrar esse ciclo?

 

Claro que sim, tudo é possível. Mas não vamos fingir que é fácil. Mas sim... é possível.

 

Porquê tanta corrupção?

 

Se recebesses 150 ou 200 euros por mês, com os preços de alimentação como estão, não tentarias conseguir algo mais? As necessidades de sobrevivência vão sempre ser maiores que os valores morais.

 

Todas as pessoas são corruptas?

 

Não. Mas muitas vezes é a única forma de conseguir certas coisas. Quem pede dinheiro à parte (normalmente) é por necessidade, e quem paga ou é porque realmente precisa do serviço, ou porque sabe da dita necessidade e acaba por querer ajudar.

 

Vender na rua é ilegal, mas ninguém faz nada.. Porquê?

 

Primeiro, quem vende não tem outra ocupação e sustento. Segundo, quem compra quer ajudar quem vende.

 

Então não seria responsabilidade dos pais obrigar os filhos a estudar?

 

Uma coisa que notei, raramente vês um angolano mendigo, ele sempre quer fazer alguma coisa, ainda que seja lavar carros na rua. O mesmo se deve a adolescentes que vêm que não entra dinheiro em casa, querem começar a trabalhar, seja para ajudar os pais, ou para terem uma vida melhor.

 

Então e o conhecimento? E a inteligência?

 

A definição de inteligência é extensa... eu não teria inteligência para sobreviver nas condições que muitos vivem. Há culturas que só conseguem sobreviver com luz, internet, água canalizada, e um trabalho que ao fim do mês o salário seja certinho. O angolano consegue sobreviver em qualquer condição. Detalhe: Sempre com um sorriso na cara, e um "bom dia" para dar.

 

Então o país vai cair em decadência?

 

O país? Estamos a falar de uma parte das pessoas. Angola tem médicos, advogados, professores, bancários, engenheiros, arquitetos, psicólogos, enfermeiros, empresários de grande nome... Tem hotéis 5 estrelas, condomínios de luxo, praias espetaculares...

 

Então porque é que os ricos não ajudam os pobres? Porquê tanto desequilíbrio?

 

Quanto mais ricos houver, mais empresas se abrem, mais coisas se constroem, e mais oportunidades de emprego serão geradas no futuro. Para tudo há um processo.

 

Processo? Mas Angola já não deveria estar diferente?

 

E está! A evolução é fantástica de há uns anos para cá. O país esteve em guerra mais de 20 anos e isso afetou a economia, o turismo, e até a mentalidade das pessoas... Mas esperem que daqui a uns anos toda a gente vai querer ir a Angola.

 

Amanhã vou mostrar-vos aquilo que ninguém mostra em Luanda... As pessoas gostam de mostrar a miséria, a tristeza, o crime.. Como sempre gostam de mostrar o negativo. Até parece que noutros países ninguém passa fome, ou ninguém comete crimes...

 

Até amanhã

Nádia Tavares

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PRIMEIRAS IMPRESSÕES

 

Aterrámos em Luanda. Das poucas coisas que me lembrava da última vez que tinha estado em Angola, há 17 anos, era do bafo de calor que se sentia assim que se saía pela porta do avião. Assim foi...

 

Passámos o controlo, depois de um ligeiro debate que tive com o senhor que revê os boletins das vacinas.

 

Descobriu-se há pouco tempo que a vacina da febre amarela é vitalícia. No centro de saúde em Portugal, apenas carimbaram o meu boletim a informar isso mesmo, que já não precisava de vacinar-me outra vez, pois eu já tinha tomado quando era mais nova.

 

O senhor revisor achava que não era bem assim, que o departamento de saúde português (como ele referiu) estava errado, e que eu ia apanhar febre amarela. WHAT? Lindo... era mesmo o que eu precisava de ouvir a entrar num país tropical.

 

Enfim, a minha mãe acalmou-me, explicou-me e continuámos...

 

Chegámos aos tapetes para recolher as malas... A primeira coisa que se faz é ir buscar um carrinho. Ou neste caso 4 carrinhos, porque viajámos com 11 malas... Só que... não havia carrinhos!

 

"Senhor bom dia. Por favor, onde posso conseguir carrinhos para as malas?" O senhor disse que já vinham..

 

Já vinham? Acabaram de chegar 2 voos com cerca de 200 pessoas cada um... e não há carrinhos.

 

De repente forma-se uma fila. Fila para conseguir carrinhos... Ao início só queriam dar carrinho a quem pagasse "gasosa" (termo usado para quando se dá dinheiro por fora), depois de tanto se reclamar, deram de graça, mas só davam um a cada pessoa.

 

A minha mãe na fila há 20 minutos, e só lhe querem dar um carrinho! Eu fui disparada já a ficar chateada, e disse só senhor: "Olhe desculpe, nós temos 11 malas, precisamos de mais carrinhos!" Ele deu-nos 2.

 

Nunca lutei tanto por carrinhos...

 

A minha irmã voltou para a fila pra conseguir mais um... aí está ela:

 

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Duas horas de espera pelas malas, e finalmente saímos! Vemos o meu pai, e o meu tio que estava à espera da minha tia e primas que também vinham de Portugal.

 

Enquanto nos abraçamos, dou-me conta de que havia 3 rapazes a seguir-nos, e a competir para nos ajudarem a levar os 3 carrinhos com as 11 malas para o carro do meu pai. Queriam "gasosa", então ajudaram-nos a pôr as malas no carro!

 

Aqui estão eles:

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Foi uma confusão para meter aquelas malas todas no carro.. Quase não cabiam! Eles punham, ficavam duas de fora, tiravam, voltavam a pôr.. Competiam entre eles ao mesmo tempo que se ajudavam. Eu apreciava e sorria... e tirava fotos!

 

Quando estávamos prontos para ir, os rapazes pediram "boas festas". Significa "gasosa", mas com mais um extra, por conta das festas.

 

Para fechar a nossa chegada, aproximou-se um senhor mais velho, que disse ao meu pai: "Chefe, eu não ajudei, mas também tenho que comer... Dá-me já só também "boas festas" a mim!

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Rimos! Entrámos no carro, fomos para casa. Um voo que aterrou às 7:00, e já eram 9:30...

 

Durante a viagem apreciava a paisagem e vi como tudo estava tão diferente de como me lembrava...

 

Repassei na minha mente a manhã caricata que estava a ter, e pensei na necessidade que as pessoas tinham que estar a passar para agirem daquela forma. Pedir dinheiro por um carrinho, por ajudar com as malas, por não ter o que comer...

 

Em poucos minutos, o que era caricato transformou-se em compaixão, atenção, e curisosidade... e comecei a olhar para as ruas com um novo olhar.

 

O que vim a aprender, mudou a minha forma de ver as pessoas, as culturas, e o mundo...

 

Até amanhã

Nádia Tavares

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INTENÇÃO DO TEMA

 

Durante os dias que estive em Angola fiz imensas perguntas. Perguntas que me trouxessem respostas, e não que confirmassem o julgamento de muitos.

 

Julgamentos como:

 

Angola é um fim de mundo

Angola tem uma taxa de criminalidade elevadíssima

Roubam e matam muito

É uma confusão.. uma selva

Só existe miséria

Não existe luz nem água nas casas

A maior parte das pessoas não têm escolaridade

 

As nossas perguntas muitas vezes são feitas de forma a obtermos a resposta que queremos, para que a nossa história continue a fazer sentido.

 

Mas se limparmos a nossa mente, e não tivermos história prévia quando vamos a um lugar, quando conhecemos uma pessoa, ou quando participamos de uma experiência nova, fazemos as perguntas certas, e temos as respostas sobre como as coisas são, e não como achamos que são.

 

Durante esta semana vou escrever algumas coisas que aprendi nesta viagem. A minha intenção é que depois destas leituras, fiques mais atento à forma como vês as coisas... se as vês como são, ou se as vês como achas que são. Ou até como queres que sejam.

 

Eu via as coisas de uma forma, mas olhei como se fosse a primeira vez, e como se nunca ninguém me tivesse contado nada... Aprendi tanto!

 

Desafio-te a ler e a refletir, porque quando te contar o que descobri em apenas 18 dias, acredito que nunca mais irás olhar para as pessoas, para as culturas,nem para o mundo, da mesma forma.

 

Até amanhã

Nádia Tavares