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|| DreamAchieve || Sports & Performance

Psicologia do Desporto e Performance || Coaching Desportivo e Empresarial || Formação

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26 Jun, 2017

PASSA-ME A BOLA!

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Uma das coisas que nos faz amar o que fazemos, é ter uma noção de auto-competência em alta consideração. Traduzindo, gostamos de ser bons no que fazemos. Quando isso não acontece, ou por algum motivo começamos a perder talentos, começamos a ter vontade de desistir. Por outro lado, quanto melhores somos em alguma coisa, mais queremos investir nesse caminho.

 

Isto é ótimo, mas podemos também correr o risco de nos esquecermos dos nossos objetivos iniciais.

 

Já contei aqui uma vez sobre como foi o meu último europeu de sub-20. Até há bem pouco tempo era algo que tinha muito orgulho em contar porque acabei como melhor marcadora... Mas (e que grande mas), andámos a lutar para não ficar em último lugar.

 

Centrei-me tanto em mim, no que eu queria fazer, no que eu queria alcançar, que me esqueci da minha equipa. Eu queria fazer um grande último europeu, eu queria fazer uma grande prestação internacional, o que acabou por acontecer. Mas não tendo a capacidade de influenciar quem me rodeia, até aquilo que faço de muito bom é abafado. Não serviu de nada. Não mudou nada.

 

Esta foto mostra como eu tinha vontade de receber a bola. Acho que no fundo achava que as coisas só funcionavam se a bola passasse por mim. Se assim não fosse, ainda que corresse bem ao grupo, já não ficava satisfeita.

 

Tentei convencer-me que era pela equipa, mas não era. Dizia que queria ser melhor para ajudar a equipa a ganhar. Mas na maioria das vezes, no fundo não era bem isso.

 

A prova disso, no meu caso e no de toda a gente, é o que acontece nos momentos maus. Lembro-me que, nesse meu último ano, tive fases em que as coisas não me corriam bem, e nessas alturas eu ficava chateada, amuada e isolada. Ora, se o objetivo fosse ajudar a equipa, eu não ficava chateada, eu continuava a ajudar a equipa.

 

As nossas verdadeiras intenções mostram-se de facto nas nossas reações ao erro, e não nas nossas palavras ou quando tudo corre bem.

 

Se a minha intenção é ajudar a equipa, os meus erros pessoais, e a minha prestação pessoal não é o centro das minhas atenções. É sim apenas mais um meio de alcançar o objetivo coletivo. Se esse não estiver a correr bem, há outras coisas que posso fazer.

 

Para fazer parte de uma equipa há que "passar a bola". Há que entender que as coisas às vezes vão correr bem sem mim, há que entender quando é hora de dar um passo atrás, de dar oportunidade a outra. Há que ter coragem para entender quando é que não é a minha vez, porque quando se faz parte de uma equipa, ela é sempre maior que eu, e que os meus desejos.

 

Numa equipa, equipa a sério, no verdadeiro sentido da palavra, eu tenho que ter capacidade de entender que, num treino por exemplo, um erro meu pode ser o acerto de alguém. Cabe-me a mim escolher entristecer-me pelo meu erro, ou ficar feliz pela equipa.

 

Por vezes terei que ficar no banco, porque outra encaixa melhor naquele jogo. Cabe-me a mim escolher ficar triste por mim, ou apoiar a equipa.

 

Por vezes, num grupo, há um que lança e outro que bate palmas. Nunca ninguém especificou o que é mais importante. Somos nós que normalmente chegamos a essa conclusão.

 

Lembra-te que, se a equipa não chega longe, tu também não chegas. Mas se a tua atenção estiver no grupo, provavelmente vais fazer a diferença na vida de todos os que fazem parte dele.

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Esta semana a DreamAchieve trocou ideias com Tomás Barroso, atleta internacional e capitão de equipa do Sport Lisboa e Benfica, que esta época conquistou a Supertaça, a Taça de Portugal, a Taça da Liga e sagrou-se Campeão Nacional da Liga Masculina. 

 

DA: Tomás conta-nos como foi o teu percurso como atleta até hoje?

TB: Comecei a jogar basquetebol aos 8 anos por influência dos meus colegas de escola, num clube chamado CBA, em Albufeira. Aos 14 anos mudei-me para o Imortal Desportivo Clube e foi aí que o sonho de me tornar jogador profissional começou a ganhar forma. Sempre dei bastante importância ao trabalho, e nos períodos de férias escolares rumava sempre a Campos de Treino quer em Portugal, em Espanha ou na Sérvia. E foi, num desses campos, que surgiu a oportunidade de jogar em Madrid. Fui para Madrid com tão só 16 anos e acabei por voltar com 18 depois de ter tido a infelicidade de romper o Ligamento Cruzado Anterior. Mesmo com este desfecho, não consigo deixar de pensar naqueles dois anos como a experiência mais enriquecedora, tanto a nível pessoal como a nível desportivo, da minha vida. De volta a Portugal, rumo ao Sport Lisboa e Benfica.

 

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Tenho mais uma vez de agradecer toda a ajuda e o voto de confiança que em mim foi depositado dadas as circunstâncias. Foi um bom ano, que me valeu a chamada à Seleção Nacional sub-20 e o interesse do Ginásio Figueirense (clube que então jogava na LPB) para o qual acabei por ir com 19 anos. Neste último, contra todas as expectativas acabei por me afirmar como primeiro base, tendo acabado com uma média de 30 e muitos minutos por jogo, o que me valeu a chamada à Seleção Nacional Sénior e a possibilidade de voltar ao Sport Lisboa e Benfica.

 

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Com a minha chegada ao Benfica, vem também mais uma rotura do Ligamento anteriormente lesado, mas que nem assim me demoveu do meu sonho de ser jogador profissional. Ao dia de hoje, conto com 6 anos de águia ao peito, tendo que realçar a honra de ser Capitão de equipa e os 5 campeonatos já conquistados.

 

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DA: Como dizias, és capitão da equipa que esta época (2016/2017) foi campeã nacional da Liga, o Sport Lisboa e Benfica. Que responsabilidades te acrescenta estar nessa posição?

TB: Ser capitão no Sport Lisboa e Benfica é uma honra, um privilégio e sem dúvida, uma responsabilidade. Responsabilidade de respeitar uma história e um legado que me foi deixado por grandes figuras do desporto benfiquista.

 

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Mas esta função não é desempenhada por um único indivíduo. É o reconhecimento dos teus colegas e o trabalho em conjunto com eles que vai determinar o sucesso ou não da mesma.

 

 

E porque o sucesso nunca se individualiza, só tenho de agradecer, a todos, sem exceção, por este ano fantástico.

 

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DA: Com que mentalidade superaste os momentos menos bons?

Para diferentes problemas existem diferentes soluções, mas algo que é de extrema importância é a maneira como enfrentamos esses problemas. Uma atitude positiva, a persistência, o trabalho, a confiança em nós próprios e o apoio incondicional daqueles que nos amam são ferramentas muito úteis nesses momentos... Atrás do tempo, tempo vem… e tudo, mais cedo ou mais tarde, acaba por passar.

 

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DA: O que significa para ti poder representar a Seleção Nacional?

TB: É o reconhecimento de muitos anos de trabalho e um dos pontos mais altos da carreira de um jogador. Não acredito que não seja o sonho de qualquer jogador poder representar o seu país.

 

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DA: Que aprendizagens do basquetebol aplicas para a tua vida?

Em tudo o que fazemos aprendemos algo, e o desporto em si, não é exceção. O trabalho em equipa, a cooperação, a entreajuda, a nossa capacidade de sacrifício e superação, entre outras… São competências e aprendizagens que podemos e devemos utilizar no dia-a-dia. O que somos é o resultado das nossas vivências e experiências, e o basquetebol tem desempenhado um papel fundamental no meu crescimento como pessoa.

 

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DA: A DreamAchieve promove a importância de temas de Coaching e Psicologia no Desporto. São abordados temas relacionados ao comportamento, motivação, mentalidade, superação, espírito de equipa, comunicação, e muitos mais… Na tua opinião, qual a importância destes temas na tua prática desportiva, e na tua vida?

TB: Gosto bastante de uma frase que pode explicar um pouco a minha opinião sobre o tema :

 

” Failing to prepare, is preparing to fail”.

 

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Hoje em dia, já não basta sermos mais desenvolvidos fisicamente, temos também de ser fortes em todos os campos que afetam o nosso desempenho. Um jogador que consiga juntar uma boa capacidade física a uma mente forte e sã, terá grande parte do seu caminho para o sucesso percorrido. Mas esta fortaleza mental não se consegue de um dia para o outro… requer compromisso, disciplina e anos de trabalho. Daí que tudo o que nos possa ajudar a chegar a esse nível e que nos prepare da melhor forma para os desafios, não só da vida mas também do desporto, sejam de uma importância vital.

 

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(Tomás Barroso junto do Presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol, Manuel Fernandes, a receber a Título do Campeonato Nacional)

 

 

DA: Se pudesses dar um conselho aos atletas que te admiram, qual seria?

TB: Acreditem sempre e não desistam nunca.

 

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Em apenas uma frase diz-nos:

 

Pessoas mais importantes no teu percurso:

A minha família, que sempre me apoiou e viajou ao meu lado nesta grande aventura.

 

Sentimento que o Basquetebol te traz:

O meu primeiro amor.

 

Características mais importantes de um atleta:

Espírito de sacrifício, respeito e a mais importante de todas, serem fortes mentalmente.

 

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Frase que te caracterize:

Em tudo quando faças sê só tu, em tudo quanto faças sê tu todo!

 

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Eu era uma atleta que estava habituada a jogar muitos minutos, mas nas duas épocas em que isso não era tal linear, tive muitas dificuldades em lidar com o assunto.

 

Foi quando comecei a jogar na Liga em Portugal, e também quando fui para a Liga Espanhola. Ficava angustiada no banco, envolvida com o que me estava a acontecer a mim, estava a viver o problema de forma muito infantil.

 

Ficava à espera que algo acontecesse diferente, com uma postura de que estava a sofrer a maior das injustiças... Irónico não? Ter uma postura tão negativa, e esperar coisas positivas...

 

Todos os atletas obviamente gostam de ter minutos na hora do jogo, de sentir essa confiança por parte do treinador. Mas isso não está nas minhas mãos.

 

Cruzo-me diariamente com atletas que, tal como fiz nessas duas épocas, traçam o objetivo de jogar mais, ou de que o treinador confie neles para fazer outras coisas, ou que definem o objetivo de ter mais oportunidades.

 

Tudo desejos viáveis, mas não controláveis. Ter como objetivo que outra pessoa mude de comportamento, pode tornar-se frustrante.

 

A nossa energia não devia estar a ser gasta em coisas que dependem de outros, mas sim do que depende de nós. Podes querer jogar mais tempo, ter mais oportunidades, mas o objetivo que defines deve ser a resposta a esta pergunta: O que posso fazer para que isso aconteça?

 

Quando responderes, tens o teu objetivo. E em dois segundos, o poder está nas tuas mãos, e não de um treinador, de um chefe, ou de quem quer que seja.

 

Sofri um bom bocado à espera de oportunidades, a achar que o outro devia mudar, que devia pensar diferente de mim, que não estava a ser justo. Nada disso eu posso controlar. O que posso controlar é no tempo que jogo dar o meu melhor, trabalhar mais, treinar melhor, ir além do pedido, permanecer com confiança, manter o ânimo, e, acima de tudo, entender que as coisas que acontecem numa equipa, estão também dependentes de toda a equipa.

 

Ajuda também entender que as coisas não giram à nossa volta. Queremos sempre ter um papel mais importante, mas mais importante que isso é a tua equipa. Ainda assim, se queres subir, evoluir, crescer como atleta, mete toda a tua energia no que podes que fazer, em vez de a meteres no que os outros podem ou não fazer por ti.

 

Assim passas de frustração à ação. Passas de impotência a controlo total. Passas de desânimo a ânimo. Passas de vítima a atacante. Passas de inatividade a ação contínua.

 

E com esta nova atitude, acredita, é bem mais provável que essa oportunidade te seja dada.

 

Pergunta do dia... O que é que está nas tuas mãos?

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Existe uma tremenda dificuldade geral em lidar com os erros. Mais ainda quando alguém nos chama à atenção daquilo que fizemos, ou poderíamos fazer melhor.

 

Damos imensos significados às correções que nos são feitas, e pior, deixamos esses significados definirem quem somos. Nós somos muito mais do que os nossos erros. Somos muito além do que fazemos num determinado momento e situação.

 

Quando eu era iniciada, mais ou menos um mês depois de começar a treinar pela primeira vez, a minha treinadora fez uma espécie de avaliação das jogadoras. Na altura já marcava muitos pontos e jogava muito tempo... Tanto que com 3 meses de treinos fui jogar para o escalão acima.

 

Estava ansiosa, porque tinha a certeza que a avaliação ia ser excelente. Lembro-me como se tivesse sido hoje de manhã... Ela avaliou uma a uma, e quando chegou a minha vez disse o meu nome, olhou para mim, e eu abri um sorriso à espera do elogio público.

 

Ela disse: "Nádia, muito fraca na defesa. Muito mole. Tens que ser mais agressiva, mais mexida, assim temos sempre um ponto fraco dentro de campo. De resto estás bem."

 

O meu sorriso fez as malas e foi para o México. Fiquei mesmo triste. E ainda diz "de resto estás bem", como se o que faço bem não importa. Secalhar não servia para o basquete. Secalhar não era tão boa como pensava. Secalhar a treinadora não gostava de mim. Secalhar eu estava a alucinar em sonhar chegar um dia à seleção.

 

Secalhar... Estava a dar significados estúpidos a uma correção que podia mudar-me como atleta e pessoa. Secalhar, aquilo era mesmo o que eu tinha que mudar, já que só queria a bola na mão, e o resto era resto.

 

Secalhar tu, hoje, ouviste algo que não gostavas, que não contavas, que não te fez sentir bem. Mas o caminho para a grandeza é assim. Cheio de coisas a melhorar, para moldar, para limar... Dói, mas se resistirmos dói mais. Porque além da correção que já não é agradável, ao lutarmos contra isso não mudamos nem melhoramos.

 

Confia no processo de mudança, se te deixares ir, a dor passa num instante. Lembra-te que ela é necessária para que cresças. Se não doer não há razão para mudar. Se doer começas a mexer-te.

 

Erraste? Ainda bem! Quando entenderes isso, vais viciar-te em procurar esta dor, vais viciar-te em querer melhorar e desenvolver, sem lutar contra esses momentos que são tão necessário.

 

Se assim não for, fica onde estás, secalhar o teu lugar é aí. Parado, quieto, na zona de conforto.

 

É isso que queres?

11 Jun, 2017

LUTA MENTAL

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 Houve momentos na minha vida de atleta em que parecia que não dava mais. Viver na alta competição, e principalmente estágios da seleção nacional, é necessário realmente querermos estar lá. 

 

Quando estagiava 6, 7 às vezes 8 dias seguidos ou mais, e ia dois dias a casa e voltava para mais uma semana de estágio, não era uma questão de se estava cansada, mas sim do quanto estava cansada. Uns dias mais outros dias menos, mas a minha entrega tinha que ser a mesma, o meu nível de querer estar ali tinha que ser cada vez maior. 

 

Nesta foto, a chegar ao treino da tarde, o segundo nesse dia, eu estava completamente derretida. Há memórias que se apagam, a memória deste dia não foi uma delas. 

Estágio de sub-20 em pleno Verão, viagens de ida e volta para a Madeira entre os estágios para ir fazer exames da faculdade... Dores de cabeça, olhos a querer fechar, pernas pesadas, dores nas articulações... A sesta não parecia ter durado mais de 15 minutos, e acordaram-me de repente, que é uma das coisas que mais me deixa rabugenta. 

 

Mas era hora de treinar. E se há coisa que tem que ser maior que todo o cansaço, é a consciência do quão era importante para mim estar ali. 

 

Descobri cedo que falar sobre o cansaço e a quantidade de treinos, só me trazia desvantagens. Falar sobre o sono, as dores e tudo que me afetava fisicamente, incluindo as lesões, acrescentava também uma dose de peso que me afetava mentalmente. E uma coisa é a luta física, outra totalmente diferente é a luta mental. Essa não precisa de ser travada se eu entender que quero estar onde estou.  

 

Se um dos meus objetivos ou sonhos é estar onde estou, e se sou consciente do preço que tenho que pagar para chegar lá, a mim não me interessa falar daquilo que é difícil, interessa-me falar daquilo que eu quero, posso e tenho de fazer. 

 

A verdade é que naquele dia, e em todos os que senti que não dava mais, assim que calcei as ténis, peguei na bola, comecei a mexer-me, o meu corpo começou a ficar quente, e o suor começou a escorrer, era "Game Time"! Essa luta era física, e dentro das possibilidades, era sempre vencida. 

 

Mas os dias em que a luta se tornava mental, quando fazia perguntas sem fundamento, e tinha conversas internas sem nexo, do género "Quem me dera que não houvesse treino hoje", sabendo que isso era impossível, o cansaço só se agravava, a vontade diminuía para metade, a motivação voava pela janela, e a performance saía pela porta de emergência. 

 

Queres ser atleta à séria? Queres destacar-te no que fazes? Ninguém disse que era fácil. Esforço físico sempre vai haver! Conflito mental, só se quiseres!... 

 

Fica só consciente de que as queixas, reclamações, palavras negativas não vão mudar nada... Espera, vão sim! Vão cansar-te ainda mais! 

 

E no fundo este dilema interno nem sequer têm sentido. A Alta Performance destaca-se por isso mesmo. Dá-se mais, faz-se mais, então cansa mais. Mas não tem que ser um martírio. Para mim pelo menos, sempre foi motivo de orgulho dizer às pessoas quantas horas treinava por semana. 

 

Já que é esse o caminho, e não há atalhos para o sucesso, tens duas hipóteses: Podes divertir-te com isso, ou então continuar a rabujar a cada passo, tornando ainda mais difícil o teu caminho. 

 

Your choice! 

 

 

 

 

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Esta semana a DreamAchieve conta com as reflexões de Eugenio Rodrigues, selecionador nacional da equipa feminina de Sub-20, que se está a preparar para o campeonato europeu que será de 8 a 16 de Julho em Matosinhos. 

 

DA: Eugénio, conta-nos como tem sido o teu percurso como treinador? 

ER: Já vai longo este meu trajeto como treinador. Efetivamente abracei esta "vida" bem cedo, no ano de 1984, enquanto estudava e jogava ao mesmo tempo. Comecei no S C Coimbrões e por lá estive durante 8 anos treinando de mini basquete a cadetes femininos. Depois estive 8 anos no Académico FC onde treinei formação e seniores, levando a equipa da 2a divisão à Liga Feminina em dois anos.

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Seguiu-se mais um período de 4 anos no CPN onde treinei formação e Liga Feminina, tendo regressado ao AFC para trabalhar seniores e Sub-19.

Passados 7 anos fiz uma época na Juvemaia com Seniores femininos e emigrei no final desse ano. Estive dois anos na Dinamarca e estes últimos dois anos já na Roménia.

 

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Estou igualmente com as seleções nacionais desde 2005, inicialmente com Sub-18 e depois com Sub-20, até hoje, tendo dado o apoio à Seleção Nacional senior esporadicamente.

 

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DA: Na tua opinião, que fatores são essenciais para que um treino tenha um alto rendimento? 

ER: Existem inúmeros fatores que devem estar presentes no treino para se obter alto rendimento. Destacaria a preparação detalhada do treino, intensidade, conhecimento do jogo, ambição, perfecionismo e cumplicidade, pois todos os intervenientes no treino deverão estar imbuídos do mesmo espírito.

 

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DA: Que características consideras mais importantes num atleta? 

ER: Mais uma vez existe uma multiplicidade de fatores mas destacaria o talento, capacidade de trabalho, ambição, humildade, seriedade e elevados padrões morais.

 

Na minha opinião devemos sempre estar no basquetebol como devemos estar na vida, ou seja, com um alto índice de cidadania.

 

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DA: Qual foi o momento na tua carreira que mais te marcou, e porquê? 

ER: Fica difícil isolar um acontecimento marcante na minha carreira. Destacaria a minha estreia em 2005 com as cores de Portugal, a subida ao pódio para receber a medalha de bronze em Sofia 2014 (já havíamos disputado uma final com a conquista da medalha de prata em 2011 em Ohrid, na qual não pude estar presente por ter de me ausentar para o FECC em Bilbao) e claro, o meu primeiro jogo com a seleção num campeonato europeu em Portugal em 2016.

 

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DA: Quando as coisas não correm como tu esperas, com que mentalidade lidas com a situação? 

ER: Neste caso a capacidade de análise aliada à autocrítica são fundamentais.

 

Devemos ser os nossos primeiros críticos e nunca partir do princípio que a responsabilidade pelo insucesso mora na porta do lado.

 

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Isso pode até acontecer mas nunca como resultado de um pré conceito. Acredito que devemos ter a dose de autoconfiança na exata medida da capacidade para ouvir os outros, pois se nem sempre os outros têm razão, o nosso ego não deverá, porém, ser o obstáculo para a aprendizagem.

 

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DA: O Campeonato Europeu da equipa da seleção nacional de Sub-20 femininos, equipa da qual és treinador, acontece daqui a um mês. 

No dia 16 de Julho (dia que termina a competição), o que precisa ter acontecido para que termines esta jornada satisfeito com o trabalho da equipa? 

ER: Sinceramente, espero chegar ao dia 16 de Julho absolutamente esgotado, como sinal de que não deixei nada por dar, dizer, refletir e fazer. E como resultado desta entrega total espero sinceramente que consigamos assegurar a manutenção na Divisão A, que é o objetivo realista para esta Seleção.

 

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O Staff e as 12 que compuserem esta equipa, hão de honrar o país, e mais concretamente, o "Fight Club". Hão de ser o 13º Batalhão que completou heroicamente e com sucesso mais uma campanha do basquetebol europeu.

 

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DA: A DreamAchieve promove a importância de temas de Coaching e Psicologia no Desporto. São abordados temas relacionados ao comportamento, motivação, mentalidade, superação, espírito de equipa, comunicação, e muitos mais… Na tua opinião, qual foi a importância destes temas na prática desportiva, e na vida em geral?

ER:  Como sublinhei já, tenho para mim que devemos estar no desporto como estamos na vida. E todos estes princípios que elencas são parte estruturante dessa forma de estar. A psicologia do desporto de uma forma profissionalizada e previamente orientada, é uma área ainda relativamente virgem nas nossas seleções, pelo que o seu interesse e capacidade potencial são exponenciais.

Temos muitíssimo a ganhar sobretudo quando o nível competitivo é de tal ordem que todos os detalhes contam, todos os detalhes podem fazer a diferença. E nós treinadores bem sabemos que "Deus está nos detalhes".

 

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Em apenas uma frase diz-nos:

 

O que não pode faltar na tua vida: Uma visão do futuro, uma meta para continuar a caminhar.

 

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Maior aprendizagem com o desporto: Ter a felicidade de dominar o equilíbrio entre a vontade indómita de vencer e a noção de respeito por valores que finda a competição têm de estar sempre presentes, e com isso ter a honra de ter grandes amigos ainda que pontualmente adversários.

 

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Pessoas mais importantes no teu percurso: Sou um homem de fé pelo que Deus estará sempre presente, a par da família mais próxima. Tenho tantas pessoas importantes neste percurso que seria impossível e injusto tentar sintetizá-las. Diria que no mundo do basquete são aquelas com quem trabalho hoje na Equipa técnica nacional, e fora deste mundo, todos aqueles amigos de uma vida que me aturam e que por certo, me vão pagar um café depois de lerem estas palavras.

 

O que mudarias em ti: Um dia, antes de morrer, espero ter a felicidade e tempo de poder fazer uma retrospetiva da minha vida. Por ora, acho que mais importante do que mudar é mudar, se for caso disso, por vontade própria e não porque assim ditam os cânones sociais. Espero ter sempre essa independência mental.

 

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Um conselho a atletas e treinadores que te admiram: Ousem, pelo menos uma vez na vida, sair da vossa zona de conforto e tentar aquilo que almejam, mas que reprimem por medo.

 

O maior arrependimento é sobre aquilo que não ousamos fazer....

 

Frase que te caracterize: Os vencedores são aqueles que estão dispostos a fazer o que os segundos jamais farão!

 

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Estava mesmo debaixo do cesto, e foi montado um duplo bloqueio para eu lançar de três pontos, de frente para a tabela. Meti a jogadora no bloqueio, recebo a bola a um tempo em afastamento do cesto, lanço de triplo... Festejo! Jogo de Europeu contra a Holanda não era fácil, tudo o que acontecia de bom merecia ser valorizado.

 

Cumprimento a minha colega que me passou a bola de forma super confortável para melhorar o meu lançamento.

 

Aquele momento aumentou a minha confiança, a minha alegria, e a minha união com a minha colega e com a equipa.

 

Depois de ter tido esta reação duas vezes, à terceira estava toda a equipa a festejar também. Além das minhas colegas, no canto do meu olho conseguia ver desconhecidos a festejar fora do campo.

 

Se há coisa que me arrepia, que me rouba um sorriso, e que me traz lágrimas aos olhos sempre, é ver a vulnerabilidade de um atleta quando alcança um pequeno objetivo, como conseguir fazer um movimento que tanto treinou, ou principalmente quando realiza um sonho numa grande competição.

 

Quando vejo grandes finais de qualquer desporto, quando vejo Jogos Olímpicos, Campeonatos Europeus, Mundiais... E vejo no final aquelas reações, volto no tempo...

 

Sempre soube que me identificava com aqueles sentimentos por ter sido atleta, mas recentemente descobri que não é só isso.

 

Quando trabalho com atletas que querem aumentar os níveis de motivação, de confiança, de competitividade, trabalho muito nas reações. Porque aquilo a que damos importância fica gravado dentro de nós.

 

Sem entrar em muitos detalhes científicos, o facto é que, no final do jogo, do treino, ou de uma competição, a sensação que te fica é aquela a que deste importância. Pois aquilo a que dás importância é o que cresce dentro de ti.

 

O que tenho visto ultimamente é atletas que dão muito importância aos erros, verbalizando-os, baixando ou encolhendo os ombros, abanando a cabeça, refilando com algum colega ou com os árbitros; e atletas que dão pouca importância ao que fazem de bom, agindo com se não fosse nada.

 

Então quando o atleta erra ele expressa-se. Quando acerta age como se fosse a coisa mais normal do mundo. O que fica gravado foi aquilo a que ele deu importância. Então a pessoa às vezes até jogou bem, até teve uma prestação positiva, mas vai ter uma sensação e uma perceção de que esteve mal.

 

Mas o truque está em fazer exatamente o contrário. Está, em termos emocionais, gravarmos o máximo de emoções positivas. Festejar sempre que possível quando se acerta. Apoiar (a ti mesmo ou o outro) quando se falha.

 

A tua memória, ao gravar estas sensações, vai querer senti-las outra vez. E é a busca por esses momentos que te torna mais confiante, motivado e competitivo. Quanto mais longe chegas, mais longe queres chegar, porque uma vez que chegaste lá, e ao mesmo tempo deste importância ao assunto, já não vais querer outra coisa.

 

O Cristiano Ronaldo começou querendo jogar fora de Portugal, depois queria ser o melhor do mundo, depois ganhar Campeonatos, depois a Champions, depois o Europeu... E não poupa festejos! Atira tudo cá para fora! Ele aumenta aquilo que é bom! Nunca o vi falar daquilo que é mau! E quando erra é o primeiro a auto-motivar-se.

 

Essas sensações ficam guardadas. E o melhor é que não vais começar a sentir a tua motivação a aumentar apenas no jogo seguinte. Se começares a gravar esses momentos positivos agora, é possível que, como me acontece a mim, fiques arrepiado só de ver alguém a festejar ao teu lado, ou do outro lado da televisão. E é também possível que fiquem gravados para toda a tua vida.

 

Se aconteceu algo mau apaga a sensação que sentiste. Não lhe dês importância.

 

Se foi bom, festeja e grava! Vai ser mais fácil teres motivação, confiança e competitividade para fazer outra vez, ou até melhor. É disto que os atletas de topo se alimentam.

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Esta semana a DreamAchieve teve a oportunidade de partilhar experiências com a Beatriz Jordão, atleta internacional portuguesa, que atualmente representa a equipa da Quinta dos Lombos, na Liga Feminina. 

 

DA: Beatriz, como foi o teu percurso desportivo até hoje?

BJ: O meu percurso desportivo começou pela escola! Era uma miúda com 11 anos e os seus 179cm! Penso que dava nas vistas! Nas aulas de educação física o professor dizia-me que para além de altura também tinha jeito e então pediu-me para ir fazer uns treinos à equipa do desporto escolar, que era liderada por uma professora ligada ao basquetebol, em Pombal. Após o meu 1º treino falou logo comigo para ver se eu queria experimentar a modalidade. Esbocei um sorriso na cara e disse-lhe logo que sim, até porque naquela altura não tinha nenhuma atividade no meu dia-a-dia. Numa semana tratei de tudo e já estava a treinar no Basquete Clube de Pombal (BCP).

 

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No fim desse meu 1º ano, fui convocada para um estágio da seleção nacional de sub-15 no Calvão. Tinha apenas 12 anos, fiquei radiante! Como era possível?! Não sabia para o que ia, mas sabia que tinha de aproveitar aquela oportunidade ao máximo. Na época seguinte mudei para o Núcleo do Desporto Amador de Pombal (NDAP), devido à falta de apoio financeiro no BCP. Pelo NDAP conquistei uma Taça Nacional e um Campeonato Nacional. Após 18 anos Pombal volta aos palmarés do basquetebol! Que momento! Aproveito para agradecer a este clube que me permitiu ter um futuro risonho. Em 2013/2014 fui convidada para ingressar a equipa do Centro de Alto Rendimento do Jamor. Tive também passagens pelo CPN, clube que me proporcionou viver altas experiências, e atualmente represento a Quinta dos Lombos! Paralelamente a este percurso, tenho integrado as seleções nacionais jovens, tendo sido feito o meu 1º Europeu em 2012/2013, sendo ainda sub14. Tem sido um trajeto longo, com altos e baixos, mas principalmente enriquecedor! 

 

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DA: Qual a característica que acreditas ser a mais importante num atleta?

BJ: Acredito que um atleta só é verdadeiramente atleta se a sua vontade de trabalhar for superior à de vencer. Nada vem por acaso, só com trabalho se alcança o sucesso. E o trabalho advém da humildade. O querer aprender, o saber ouvir e o reconhecimento do erro. Estes três aspetos são fulcrais para o desenvolvimento de um trabalho digno de atleta.

 

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DA: O que representou para ti ser uma das únicas 12 atletas de basquetebol portuguesas a competir num Campeonato Mundial?

BJ: Para mim ser uma das 12 atletas que teve a oportunidade de representar Portugal no Campeonato do Mundo foi um orgulho. Foi e continua a ser. Fomos umas privilegiadas. Tivemos a oportunidade de partilhar o nosso basquetebol com as maiores potências mundiais. Partilhar de experiencias! Vamos ficar na história do Basquetebol Mundial! Afinal Portugal é capaz de competir a alto nível!

 

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DA: Que aprendizagens do basquetebol consideras serem possíveis de transferir para a tua vida?

Uma das coisas que utilizo bastante na minha vida são os valores que o basquete me transmitiu e continua a transmitir. O respeito pelo outro, a disciplina, o trabalho, a ambição… Estes valores começam a ser adquiridos assim que se começa a prática da modalidade desde o cumprimento de horários, de regras, ao espirito de sacrifício, o trabalho em equipa, o querer cada vez mais e mais… Todos estes valores são transferidos de forma positiva para o nosso dia-a-dia. Se quero ter boas notas, vou ter de estudar muito assim como se quero ter um lugar na equipa, vou ter de treinar muito. Outro exemplo é o cumprimento de horários. Se chegarmos atrasados a um treino pagamos. Se chegarmos atrasados ao emprego somos despedidos. Neste sentido, o basquetebol faz-nos crescer enquanto seres humanos e espero poder contribuir com estas aprendizagens para uma mudança no pensamento da sociedade! Estes valores de que falei são a base do saber estar.

 

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DA: O que te motiva a lutar diariamente pelos teus sonhos com tanta persistência?

Eu apenas penso numa coisa: se eu não o fizer, quem o vai fazer por mim?! Se não for eu a lutar, quem luta?! Sou uma pessoa de ideias fixas.

Se tenho um objetivo vou trabalhar para alcançá-lo.

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Não me importa o que possa vir a encontrar pelo caminho. Não sei se vão haver muitas barreiras ou muitos buracos. Apenas me vou focar em passar por eles e seguir em frente. No fim, quando olhar para trás e ver quantos obstáculos fintei, vou-me orgulhar do caminho percorrido e vou querer voltar a fazer coisas destas, pois a vontade de continuar é a minha alegria futura!

 

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DA: A DreamAchieve promove a importância de temas de Coaching e Psicologia no Desporto. São abordados temas relacionados à componente mental dos atletas… Na tua opinião, qual a importância desta referência na prática desportiva, e mesmo na vida quotidiana?

BJ: Todos os atletas sabem que para se ter sucesso temos de nos focar a 100% no nosso objetivo. Para tal, é preciso que fatores exteriores não se intrometam no nosso caminho. Como fatores exteriores temos o meio em que o atleta está inserido, qualquer conflito existente a nível social, o stress, todas as adversidades que nos surgem no dia-a-dia e entre outros… Devemos portanto trabalhar nesse sentido, trabalhar para que estes pormenores, que fazem toda a diferença, não nos façam desviar do trajeto traçado por nós próprios. Aprender a lidar com qualquer tipo de situação. É nesta vertente que o coaching e a psicologia no desporto são importantes. A meu ver, deveria de se apostar mais nesta área.

 

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DA: Se pudesses dizer algo a todos os atletas que te admiram, o que seria?

BJ: Que tenham sempre um sorriso na cara, independentemente de tudo. Sorriam para tudo o que fazem. Somos privilegiados por jogarmos a mais bela das modalidades. Façam as coisas por gosto e com dedicação.

 

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Nunca desistam dos vossos objetivos. Não basta querer muito uma coisa, se o querem demostrem-no!

 

Trabalhem sempre ao vosso máximo e quando pensarem que não dá mais, então é altura de continuar e de se superarem.

 

Em apenas uma frase diz-nos:

 

Momento mais alto da tua carreira: Ter sido vice campeã da Europa e ter participado no Mundial.

 

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Pessoas mais importantes no teu percurso: Os meus pais, irmãos e a minha avó, as famílias que me acolheram em suas casas, todos os treinadores que tive mas em especial, o meu 1º treinador -Jorge Martins- que é o meu padrinho da modalidade, o Celso Casinha e a “sua team”, e o mestre Agostinho Dias Pinto.

 

O que não pode faltar na tua vida: Os amigos, a família e a bola de basquete.

 

O que queres fazer quando terminares a tua carreira desportiva: Sinceramente ainda não penso nisso porque vejo-me a ter muitos anos de carreira. Ainda assim, vejo-me ligada ao basquetebol, seja de que maneira for!

 

Frase que te caracterize: Pedras no caminho? Apanho todas e um dia construirei um castelo!

 

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