NÃO FOI FALTA!...
Assim que ouvi o apito do árbitro, sabia que ele me tinha marcado a quarta falta. Imediatamente reagi! Tinha a certeza que não era!
Segundo jogo de Europeu na Lituânia, a jogar contra a equipa da casa, jogo super equilibrado com muitas possibilidades de ganhar, e o árbitro a fazer-me aquilo mesmo antes de acabar o terceiro período.
Encolhi os ombros, levantei as mãos, abanei a cabeça, virei costas a reclamar... Olhei para o banco à espera de apoio... Fui substituída para entrar a 6 minutos do fim. Apesar de querer muito ganhar e de me estar a esforçar ao máximo, estava chateada por não poder estar a jogar mais tempo por causa das faltas, estava irritadíssima com o árbitro, e estava a jogar de forma diferente por causa desses sentimentos todos.
A dois minutos do fim do jogo, altura em que estávamos a perder por três, uma das lituanas entra para o cesto, e eu, entre ela e o árbitro (ele sem conseguir ver), faço um movimento com o braço de cima para baixo, que só acerta no ar. Mas ele não viu, só viu o movimento, e marcou-me a quinta falta. Perdemos o jogo por quatro. Culpei os árbitros. A ideia que tenho desse jogo é árbitros a apitar faltas contra nós sempre que nos mexíamos.
A questão aqui é que eu não podia controlar os árbitros. Não posso controlar o que eles vêm, o que eles decidem nem o que eles apitam. A única coisa que eu ali podia controlar era a mim mesma, e foi algo que eu não soube fazer.
No desporto, e em tudo, constantemente temos que tomar a seguinte decisão: Quero ter razão, ou quero estar bem?
Porque mesmo tendo razão, quantas vezes achaste que tinhas a certeza absoluta sintética analítica de alguma coisa, e depois viste que não era bem assim?
Eu até podia ter razão naquele dia, naquele jogo... Mas fiquei tão irritada que não consegui evitar certos comportamentos. Mas se eu tivesse escolhido estar bem, podia ter aceitado a decisão do árbitro, já que ela não ia mudar de qualquer maneira, e eu ficaria com uma disposição melhor para competir se o tivesse feito.
É preciso coragem e maturidade para tomar esta decisão constantemente. Muitas vezes o nosso ponto de apoio é apontar o dedo para o que está mal à nossa volta, para justificar os nosso resultados! Sem essas justificações vamos ter que começar a olhar para nós, não é?
Pois é aí, apesar da dor de vermos que nós é que podíamos ter feito melhor, que mudamos, que melhoramos e que evoluímos.
Não sei como é que lidas com aquilo que te acontece, mas tenho uma novidade para ti... Vão sempre acontecer coisas que não gostas e coisas que não podes controlar. Mas podes sempre escolher o que é mais importante para ti, se é ter razão, culpando toda a gente, e todas as coisas e realçando todas as dificuldades... Ou se preferes usar essa energia toda para estares bem, para realçares o que há de bom, para investires no que realmente podes fazer.
Eu podia ter feito de forma diferente naquele jogo, só que ele já acabou. Dele ficaram só as aprendizagens. Mas tu, quem sabe, ainda estás "no jogo". Não percas tempo e energia com algo que não vai mudar. Pergunta-te antes o que podes fazer, e faz!
A tua história poderá ter um final melhor que a do meu jogo.
Até para a semana!