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|| DreamAchieve || Sports & Performance

Psicologia do Desporto e Performance || Coaching Desportivo e Empresarial || Formação

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29 Ago, 2017

NÃO FOI FALTA!...

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Assim que ouvi o apito do árbitro, sabia que ele me tinha marcado a quarta falta. Imediatamente reagi! Tinha a certeza que não era!

 

Segundo jogo de Europeu na Lituânia, a jogar contra a equipa da casa, jogo super equilibrado com muitas possibilidades de ganhar, e o árbitro a fazer-me aquilo mesmo antes de acabar o terceiro período.

 

Encolhi os ombros, levantei as mãos, abanei a cabeça, virei costas a reclamar... Olhei para o banco à espera de apoio... Fui substituída para entrar a 6 minutos do fim. Apesar de querer muito ganhar e de me estar a esforçar ao máximo, estava chateada por não poder estar a jogar mais tempo por causa das faltas, estava irritadíssima com o árbitro, e estava a jogar de forma diferente por causa desses sentimentos todos.

 

A dois minutos do fim do jogo, altura em que estávamos a perder por três, uma das lituanas entra para o cesto, e eu, entre ela e o árbitro (ele sem conseguir ver), faço um movimento com o braço de cima para baixo, que só acerta no ar. Mas ele não viu, só viu o movimento, e marcou-me a quinta falta. Perdemos o jogo por quatro. Culpei os árbitros. A ideia que tenho desse jogo é árbitros a apitar faltas contra nós sempre que nos mexíamos.

 

A questão aqui é que eu não podia controlar os árbitros. Não posso controlar o que eles vêm, o que eles decidem nem o que eles apitam. A única coisa que eu ali podia controlar era a mim mesma, e foi algo que eu não soube fazer.

 

No desporto, e em tudo, constantemente temos que tomar a seguinte decisão: Quero ter razão, ou quero estar bem?

 

Porque mesmo tendo razão, quantas vezes achaste que tinhas a certeza absoluta sintética analítica de alguma coisa, e depois viste que não era bem assim?

 

Eu até podia ter razão naquele dia, naquele jogo... Mas fiquei tão irritada que não consegui evitar certos comportamentos. Mas se eu tivesse escolhido estar bem, podia ter aceitado a decisão do árbitro, já que ela não ia mudar de qualquer maneira, e eu ficaria com uma disposição melhor para competir se o tivesse feito.

 

É preciso coragem e maturidade para tomar esta decisão constantemente. Muitas vezes o nosso ponto de apoio é apontar o dedo para o que está mal à nossa volta, para justificar os nosso resultados! Sem essas justificações vamos ter que começar a olhar para nós, não é?

 

Pois é aí, apesar da dor de vermos que nós é que podíamos ter feito melhor, que mudamos, que melhoramos e que evoluímos.

 

Não sei como é que lidas com aquilo que te acontece, mas tenho uma novidade para ti... Vão sempre acontecer coisas que não gostas e coisas que não podes controlar. Mas podes sempre escolher o que é mais importante para ti, se é ter razão, culpando toda a gente, e todas as coisas e realçando todas as dificuldades... Ou se preferes usar essa energia toda para estares bem, para realçares o que há de bom, para investires no que realmente podes fazer.

 

Eu podia ter feito de forma diferente naquele jogo, só que ele já acabou. Dele ficaram só as aprendizagens. Mas tu, quem sabe, ainda estás "no jogo". Não percas tempo e energia com algo que não vai mudar. Pergunta-te antes o que podes fazer, e faz!

 

A tua história poderá ter um final melhor que a do meu jogo.

 

Até para a semana!

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Estive lá estes dias, no pavilhão onde representei a seleção nacional de Portugal pela primeira vez, há 15 anos atrás. Ganhámos apenas um jogo, o que não chegou para passarmos à fase seguinte.

 

Lembro-me da maioria das coisas desse ano... De pela primeira vez não conseguir marcar sequer um ponto num jogo contra a Itália. Também me lembro de outros europeus, onde perdemos contra a Ucrânia por 50 pontos de diferença, contra a Alemanha por 40 pontos, contra a Espanha por 60... Lembro-me de Europeus onde não ganhámos nenhum jogo. Lembro-me de Europeus onde o objetivo era ganhar apenas um jogo. Lembro-me de nem sonhar pisar um dia na Divisão A da Europa...

 

Cheguei a pensar que nunca iria fazer nada de jeito no desporto, que tinha nascido no país errado, que tudo o que fizesse era irrelevante, porque alguém noutro país iria estar a fazer mil vezes melhor... Mas no fundo isso deu-me motivação para treinar mais.

 

Hoje, ao ver outros jogos da Divisão B de sub-18, vi equipas a passar pelo mesmo. Vi equipas a levar 100 ou 80 pontos de diferença de outras. Um basquete pouco evoluído, as miúdas com físicos pouco trabalhados... Ouvi vários comentários do género: "Porque é que estas equipas vêm a Europeus?", ou "O que é que elas vêm aqui fazer?"

 

Parei e recuei no tempo... Lembrei-me que há uns anos éramos nós que supostamente não tínhamos motivos para competir. Quem pensa assim hoje, que não vale a pena, é porque se esqueceu de onde veio, e do que teve que lutar para cá chegar.

 

Imaginem uma maratona, onde uma pessoa que treina todos os dias tem o objetivo de terminar em primeiro. Uma outra que começou há menos tempo um percurso desportivo tem o objetivo de apenas conseguir terminar. E uma terceira tem o objetivo de fazer metade da maratona, pois da última vez só completou 10 Km.

 

Digamos que a primeira, que queria acabar em primeiro, acaba em sétimo. A segunda acaba em último, mas cumpriu o objetivo de terminar. A terceira fez 35 Km, que é bem mais de metade.

 

Quem teve mais sucesso? Quem chegou mais longe ou quem alcançou os seus objetivos, de acordo com a sua condição?

 

O que muitas vezes nos impede de começar algo novo, ou de continuar a lutar por algo, é a constante comparação com os outros. Se eu comecei a subir uma escada agora, obviamente não vou estar tão avançado como alguém que já começou há mais tempo.

 

Mas o facto de ficar a olhar para o que eu não tenho, em comparação ao que o outro já tem, em vez de motivar a trabalhar mais, pensando que um dia também estarei lá, normalmente é o factor que faz alguém desistir.

 

Aquelas equipas, atletas, alunos, pessoas, a quem nós às vezes chamamos de coitadinhas, estão a caminhar o seu caminho. Estão a atingir os seus objetivos de acordo com as suas condições.

 

Como dizia acima, no primeiro europeu que fiz, tive um jogo que não consegui marcar nem um ponto. O último europeu dos escalões de formação que fiz, fui a melhor marcadora da competição.

 

Antigamente Portugal tinha um objetivo, lutar o jogo todo, estivesse a ganhar ou perder por 50 pontos. Depois era ficar acima do meio da tabela, implicando ganhar alguns jogos na competição. Depois foi começar a ir às medalhas na Divisão B, subindo para a Divisão A. Hoje já se fala de ficar entre o oito primeiros na Divisão A.

 

Tu devias fazer o mesmo. Traçar objetivos de acordo com as tuas condições. Isso não impede de que possam ser ambiciosos, mas têm que ser nossos. Porque o facto de eu querer traçar objetivos só porque alguém também os traçou, é logo um presságio para frustração.

 

Quem tem mais sucesso não é necessariamente quem chega mais longe, mas quem consegue ir crescendo dentro das suas condições. Todos gostamos de nos sentir capazes e competentes, mas não ficas super hiper mega competente de um dia para o outro. A competência começa na incompetência, e temos que ser capazes de ir lutando para subirmos na escada da evolução.

 

Querer tudo de uma vez pode ser o motivo pelo qual não consegues dar nem o primeiro passo. Hoje até podes estar aqui, mas com paciência, persistência e resiliência, amanhã já podes estar ali.

 

Até para a semana

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Num treino de europeu, estávamos a treinar contra-ataque, dois contra um. Quando ia atacar e começava eu com a bola, fazia quase sempre a mesma coisa. Tinha decidido que naquele dia ia aprender a fazer passes por trás das costas.

 

O meu treinador, o Rui Gomes, nem se importava, mas estava a tentar corrigir o facto de eu fazer o passe picado, e não direto, o que demorava mais tempo, e em contra-ataque fazia com que perdêssemos a vantagem numérica.

 

O exercício começava no meio-campo, eu ia com a bola, e quando sentia que o defesa não ia largar-me, passava picado por trás das costas. A bola até chegava à minha colega, mas chegava tarde e ela tinha que lançar com o defesa em cima dela. Eu achava que ou era culpa dela, ou que era questão de treino para eu aprender a fazer o passe melhor.

 

Continuei a insistir o treino todo, até que o meu treinador parou de me corrigir. Há erros que parece que temos que ser nós a cometer... Talvez por teimosia...

 

Dia de jogo, e eu queria experimentar o meu "novo passe". Já estão a ver o que aconteceu né? Até tentei, mas a bola ficou nos pés de alguém.

 

O mais engraçado foi que, em determinado momento do jogo, a equipa adversária faz um contra-ataque, duas contra mim.

 

Dou-me conta de que se eu não as conseguir travar, são dois pontos. Estou indecisa entre as duas... Tomo uma decisão, e caio em cima da jogadora com bola! Que faz um passe por trás das costas, direto, sem picar a bola, como eu devia ter treinado para fazer... Acho que pestanejei e quando abri o olhos, a bola já estava dentro do cesto.

 

Acredito sinceramente que há erros que temos que cometer, coisas que temos necessariamente que passar, para que a experiência vivida nos ensine alguma coisa. Esta por exemplo, ensinou-me muito...

 

Mas também acredito que não temos tempo de cometer os erros todos do mundo. Por vezes o melhor mesmo é ouvir quem sabe, é absorver a experiência de quem já o viveu, é sermos humildes para estarmos perto de quem nos quer ensinar.

 

Temos momentos na nossa vida de grandes convicções, de certezas absolutas, de situações de certo e errado bastante claras... Mas quantas vezes já tiveste a certeza de algo, e depois não era bem assim?

 

Tive uma professora de Psicologia do Desenvolvimento que dizia que nós, seres humanos, somos autônomos, mas não somos independentes. Todos dependemos uns dos outros, ninguém está no mundo sozinho. Se formos inteligentes vamos usar isso a nosso favor, aprendendo ao máximo daquilo que nos rodeia.

 

Se assim o fizermos, poderemos antecipar uma série de situações. Isso fará com que cheguemos aos nossos objetivos mais rápido.

 

Aprendemos errando, mas também aprendemos ouvindo. A humildade acelera muito o caminho.

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Esta semana a entrevista é com o Carlos Andrade, mais conhecido como Carlão. É um dos atletas internacionais portugueses com mais títulos, e o seu estilo e alegria constante dentro e fora de campo, contagiam qualquer um.

 

DA: Carlos, podes contar-nos como foi o teu percurso com atleta?

CA: Fui visto a jogar basket por um professor de trabalhos manuais (Prof. Ramos) na minha escola e ele perguntou-me se jogava em algum clube, visto que nunca me tinha visto a jogar em clube nenhum. Ao dizer-lhe que não ele perguntou-me se estaria interessado em jogar como federado. Depois de falarmos com a minha avó e ela ter-me autorizado a jogar no Maria Pia (MPSC) a minha paixão pelo basket foi sempre aumentando.

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Resumidamente os clubes por onde passei foram: Maria Pia, Portugal Telecom, Queens University of Charlotte (USA), Scodish Rocks (Escócia), FCPorto, CAQueluz, Opel Skyliners (Alemanha), SLBenfica, GBC (Espanha), e novamente FCPorto e SLBenfica. Orgulho-me muito em dizer que ganhei títulos em todos estes clubes, exceto no Opel Skyliners.

 

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Numa carreira que já dura há mais de 20 anos existiram vários momentos altos e marcantes. Recordo-me das celebrações depois de conquistar vários títulos, taças, campeonatos, apuramentos para fases finais de Europeus etc.

 

DA: O teu nome vem associado a inúmeros títulos, taças e reconhecimentos pelo teu trabalho. Qual foi a mentalidade que te levou chegar tão longe?

CA: Desde o inicio da minha carreira fui sempre “obrigado” a lutar por tudo o que queria, e desde de cedo desenvolvi um lado guerreiro que me deu forças para encarar todas as dificuldades e contrariedades. Por ter começado a jogar com uma idade já mais avançada do que os meus colegas de equipa (14 anos), sempre senti que tinha que trabalhar mais do que eles, pois eles estavam mais avançados técnica e taticamente.

 

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A vontade de querer ser tão bom como os meus colegas levou-me a focar-me no que eu queria melhorar e evoluir. Não foi um trajeto nada fácil, pois tive que abdicar de algumas coisas e sacrificar outras, mas aos poucos os resultados foram aparecendo e as conquistas também.

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Fui acreditando que, se fosse paciente e humilde as coisas iriam acontecer, desde que não deixasse de trabalhar e mantivesse o foco. Houve alguns momentos em que as coisas pareciam que não iriam acontecer mas sempre tive confiança em mim mesmo e sabia que havia algumas pessoas que tinham (e ainda têm) muito orgulho em mim, e por isso não podia desiludi-las. Essa foi sempre a minha grande motivação.

 

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DA: O que significou para ti representar a Seleção Nacional durante tanto anos?

CA: Um dos momentos altos da minha carreira foi sem duvida a primeira vez que, com a camisola da Seleção Nacional vestida, ouvi o hino nacional tocar antes do meu primeiro jogo a representar Portugal. Tendo nascido em Cabo Verde e tendo a cultura do meu país bem enraizada no meu sangue, foi muito difícil para mim ter optado por jogar pela seleção portuguesa e não pela seleção do meu pais. Mas por razões profissionais tive que optar e tomar uma decisão.

 

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Ficará sempre na minha mente a questão como teria sido representar Cabo Verde. Mas não me arrependo de nada e sinto-me muito orgulhoso de ter representado o país que me acolheu a mim e a minha família, e nos deu uma oportunidade para escolhermos o que queríamos ser. Não que em Cabo Verde não o pudéssemos fazer, mas naquela época era sem duvida muito mais difícil, pois as oportunidades eram mais escassas.

Durante os 10 anos que representei Portugal orgulho-me muito em dizer que fiz parte da geração que subiu do grupo B para o grupo A no meu primeiro ano e assim nos mantivemos durante esse tempo todo. E ainda conseguimos dois apuramentos para fases finais de Europeus (2007 e 2011).

 

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DA: Que aprendizagens do basquetebol aplicas na tua vida?

CA: Palavras como “desisto”, “não consigo”, “impossível”, “fácil”, foram banidas do meu vocabulário. O basquetebol ajudou-me a ter outra perspetiva sobre estas palavras. Desistir nunca foi uma opção, Não conseguir algo à primeira tentativa não quer dizer que não o consigamos à segunda, ou à terceira, ou até mesmo à quarta.

 

 

Não existem impossíveis no desporto nem na vida. TUDO É POSSIVEL!

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As coisas podem não acontecer como e quando nós queremos, mas elas acontecem quando têm que acontecer. Nunca damos muito valor ao que é fácil. Se fosse fácil toda a gente fazia..

 

DA: A DreamAchieve promove a importância de temas de Coaching e Psicologia no Desporto. São abordados temas relacionados ao comportamento, motivação, mentalidade, superação, espírito de equipa, comunicação, e muitos mais… Na tua opinião, qual foi a importância destes temas na tua prática desportiva, e hoje na tua vida?

CA: Todos estes temas foram e ainda são vividos durante a minha carreira. Acho que eu não seria a pessoa que sou hoje se não tivesse passado por todas as emoções e superado todos os testes que me foram propostos como desafios.

 

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DA: Se pudesses dar um conselho a todos os teus fãs, o que seria?

CA: Sonhar não paga impostos (ainda), por isso, sonhem muito.

 

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Em apenas uma frase diz-nos:

 

Momento mais alto da tua carreira: Europeu 2011/ estreia na ACB

Pessoas mais importantes no teu percurso: Minha irmã Mery

Lugar preferido no mundo: Ericeira

O que queres fazer quando terminares a tua carreira desportiva: Viajar

Características mais importantes de um atleta? Humildade, inteligência, capacidade de superação

Frase que te caracterize: “O Homem só envelhece quando os lamentos substituem os sonhos.” “O que não nos mata, torna-nos mais fortes.” 

 

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Podes seguir o Carlos Andrade no Instagram e no Twitter

 

 

 

 

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Chega esta altura do Verão, e aqueles que decidem ser atletas a sério, mal têm tempo para fazer aquilo que seria dito normal. Praia, familia, viagens... Quando se consegue são curtas.

 

Eu uma vez fiquei 6 anos sem ir de férias, e depois mais 4... Os estágios da seleção ocupam bastante do Verão.

 

Durante um mês e meio a dois meses, estamos sempre a treinar. Aconteceu-me muitas vezes de estar a treinar, a fazer estágios de 12 dias, a 15 minutos de casa. Também já aconteceu fazer estágios a horas de distância de avião.

 

Aconteceu também de acabar um europeu numa sexta, voltar para casa sábado, e ter que começar a treinar na segunda-feira de manhã pelo clube, iniciando a época sem descanso.

 

Aconteceu da minha equipa estar a fazer torneios de final de época, e eu ir jogar contra elas já integrada em estágios da seleção. Nem tinha acabado a época, já tinha começado outra jornada desportiva.

 

Os treinos cansam, as rotinas desgastam, e agora com as redes sociais, facilmente vemos o que os outros estão a fazer, que poderíamos também estar a fazer. É aí que o verdadeiro cansaço entra. Quando pensamos no que não estamos a fazer, em vez daquilo que temos oportunidade de fazer.

 

Seria óbvio, achava eu, que sempre que estamos a fazer uma coisa, foi porque já escolhemos não fazer outra. E quando escolhemos não fazer alguma coisa, estamos a determinar uma outra prioridade na nossa vida.

 

Principalmente quando queremos chegar mais alto, o preço obviamente será maior. O que quer que seja que queiras "comprar" torna-se mais caro, e mais raro, quando tem mais valor. Ou pagamos mais e levamos algo com mais qualidade, ou pagamos menos e levamos uma coisa qualquer. O que me parece estranho é pagar por algo caro, e ficar a reclamar porque tive que pagar muito!

 

Uma das formas mais eficazes de mudarmos o que estamos a sentir, é mudando o foco do nosso pensamento. Se estás a sentir alguma coisa, é porque já pensaste em algo que corresponda a esse sentimento... Ainda que esse pensamento seja inconsciente e tenha durado menos de um milésimo de segundo.

 

Funciona mais ou menos assim:

 

"Que canseira... E agora ainda por cima há treino... Bem que podia não haver. E ginásio? Que horror!.. E a comida podia ser bem melhor, mas come-se... E neste sítio faz imenso calor, não podíamos treinar noutro sítio? Estou há tanto tempo fora de casa. Não tenho tempo para nada. Que dia horrível. Só quero dormir. Amanhã mais do mesmo!"

 

Provavelmente este atleta não se irá sentir muito bem ao final do dia. Com tanto pensamento negativo, fica difícil tirar experiências positivas. Provavelmente a sua performance irá descer a nível de rendimento. Quem é que treina bem a pensar que tudo é mau? A provar-se constantemente a si mesmo que o esforço não vale a pena?

 

Por outro lado, outro atleta a viver a mesma situação pode pensar:

 

"Que oportunidade para melhorar, nem toda a gente tem condições para ter este ritmo de treinos. Poder andar fora de casa a viajar só para fazer o que mais gosto, poucos podem dizer que fizeram isto. Enquanto outros estão de férias e a descansar, eu estou a treinar e a evoluir. Sei que mesmo que me custe, todo este esforço depois irá notar-se dentro de campo. Vou descansar cedo, para amanhã estar em condições de dar o meu melhor."

 

Parece surreal este último pensamento. Parece tirado do mundo da perfeição, ou de desenhos animados educativos para crianças. Parece que o primeiro pensamento é o mais normal.

 

A minha pergunta é, com que pensamento se chega mais longe?

 

Todos dos dias alguém me pergunta coisas sobre Treino Mental, mas às vezes, é mesmo só isto. É treinares a tua mente a pensar no que te traz benefícios. A nossa perspetiva das coisas cria hábitos mentais de pensamento, isso gera sentimentos, e isso gera atitudes. Essas atitudes farão ou não a diferença.

 

Grande parte das vezes não há muita ciência... Há o parares de te queixares de coisas que são boas, e de coisas que foste tu que disseste que querias. Foste tu que decidiste que querias o produto mais caro e com mais qualidade. Seria uma pena estragar esse produto por mau uso!

 

Se não queres, baza! Se queres, então pára de dizer que não queres. Simples né? ;)