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|| DreamAchieve || Sports & Performance

Psicologia do Desporto e Performance || Coaching Desportivo e Empresarial || Formação

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26 Set, 2017

FAZ-TE PESSOA

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Tive a oportunidade de jogar em competições europeias de clubes quando jogava na Madeira. Então, além dos jogos do fim de semana. Durante seis semanas também tínhamos uma competição contra uma equipa da Europa, em casa e fora.

 

Um vez fomos à Rússia jogar a meio da semana... Foram 3 aviões mais uma viagem de 2 horas de autocarro só de ida... Então o investimento em tempo e energia era bastante...

 

O entusiasmo era muito, só que havia um detalhe: As equipas eram muito superiores a nós. Não era só que faziamos aquele esforço todo e depois perdíamos por grandes diferenças, era que eu também nem conseguia jogar.

 

Não conseguia cortar para o cesto, não conseguia lançar sozinha, não conseguia penetrar, não conseguia fazer bloqueios... Não conseguia fazer nada! Era tudo extremamente difícil, e tudo requeria o triplo do esforço.

 

Cansava-me em poucos minutos e vinha para o banco a perguntar-me se devia estar ali, se tinha valido a pena tanto esforço de viagens, se não conseguíamos alcançar qualquer resultado. Chegava a sentir-me com vergonha.

 

Mas algo mudou neste processo... Apesar do cansaço inicial das viagens, e das derrotas, começou a acontecer uma coisa... Quando jogava nas competições nacionais sentia-me muito mais à vontade. Mais rápida, mais ágil, melhor jogadora em geral.

 

Também me acontecia de começar a sentir mais pica nos jogos com as europeias. Um cesto num jogo desses, um roubo de bola ou um ressalto valiam bem mais, porque tinha que lutar muito mais... Aquelas dificuldades todas deram um boost na minha performance.

 

Secalhar se me tivesse dado conta disso antes, tinha aproveitado melhor. Mas é mesmo assim... No momento das dificuldades não nos damos conta do quanto elas nos estão a ajudar.

 

Que significado dás aos teus momentos maus? São desafios? São perseguições? Estão todos contra ti? Ou é algo para fazer-te forte?

 

Reparaste que és tu que escolhes se são momentos de oportunidade, ou momentos em que crias desculpas para nunca conseguires o que queres?

 

As adversidades para ti são uma motivação ou uma desmotivação? São um motivo para parar ou uma oportunidade para mostrares o teu valor?

 

São muitas perguntas? Acredita que destas respostas podes concluir os porquês dos teus resultados.

 

Ou então podes fazer o que tens feito sempre... Dizer que é mais fácil falar que fazer, como se essa afirmação tivesse algum sentido, é ignorar o facto de que a única coisa que está entre ti e os teus objetivos, és tu.

 

É difícil, sim! Ninguém falou em ser fácil. Mas até hoje tento lembrar-me que só cheguei aqui porque tive dificuldades, obstáculos, impedimentos e barreiras.

 

Passei por momentos financeiros quando vivi em Espanha, que não sei explicar muito bem como é que não passei fome.

 

Passei por momentos de crise de identidade quando deixei de jogar por causa da lesão no joelho, que não sei explicar como é que hoje ajudo outros a encontrar as suas identidades.

 

Passei por conflitos com pessoas, e também não sei explicar muito bem como é que isso hoje me ajuda a resolver conflitos dentro das equipas com quem trabalho.

 

Passei por momentos em que senti que todos me desprezavam, quando não consegui ficar na Universidade nos Estados Unidos, e tive que voltar, e hoje não sei muito bem como é que ajudo aqueles que sentem que ninguém lhes entende.

 

Mesmo sem entender a 100% como é que isso acontece, sei que cada momento desses me fez como pessoa, tal como o momento que estás a passar agora te está a fazer também... Se deixares.

 

Deixa que o que está a acontecer te ensine alguma coisa, e te faça pessoa também.

 

Um dificuldade não é sinal de parar, é sinal de fazer ainda mais, para poderes ultrapassar esse momento e crescer com ele. Isto se tiveres realmente disposição.

 

Tens?

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 Ia ser a primeira vez que jogava contra a minha antiga equipa. Estava num novo clube, e por alguma razão humana, quando estamos a viver algo novo e podemos mostrar isso a quem fez parte do nosso algo antigo, temos uma necessidade enorme de provar algo. 

 

Naquela semana treinei a pensar nisso, em provar alguma coisa. Ouvi um comentário em tom de elogio/piada do meu treinador durante os treinos "A Nádia quer marcar 30 pontos este fim-se-semana!" 

 

Fossem os 30 pontos, ou o que fosse preciso para ganhar. Não podia aceitar ter ido para uma equipa pior. Ganhar e perder num determinado momento, pode não provar que uma equipa é melhor que a outra, mas ainda assim, era o que eu queria. 

 

Criei uma expectativa do ambiente. Comecei a imaginar as bolas que ia marcar, os aplausos que ia ouvir, a vitória... As pessoas que me conheciam do antigo clube a pedirem-me para voltar... Essas coisas todas de filme que criamos nas nossas cabeça, normalmente em câmera lenta...

 

Este jogo marcou-me. Ensinou-me na prática o porquê de ser pouco produtivo criar expectativas. Além de ter marcado apenas 8 pontos, joguei muito menos tempo do que esperava, e perdemos por 3 depois de prolongamento. No fim do jogo já nem conseguia estar sentada no banco, andava de pé de um lado para o outro. Fiquei muito desiludida naquele dia, e hoje percebo porquê.

 

Quando criamos expectativas, criamos a na nossa mente um filme do que queremos que aconteça, do que queremos que os outros nos digam, do que queremos que os outros façam, ou notem. Criamos um fantasia do que poderá acontecer à nossa volta. Conseguem ver o probelma nisto? Não temos controlo de nada!

 

Por outro lado, quando criamos objetivos, trazemos a responsabilidade para nós, baixamos a pressão do poder que as circunstâncias possam ter nos nossos resultados, e focamo-nos mais no que podemos fazer. 

 

O jogo correu mal porque todo aquele filme era algo irreal, e a pressão nos meus ombros, que eu mesma meti, era enorme! Era muito difícil algo tão perfeito acontecer, só esse pensamento deixava-me nervosa. Eu estava com mais medo de errar, do que focada em fazer o que tinha que fazer em campo. 

 

Isto acontece em tudo na nossa vida. Estamos tantas vezes preocupados em ter resultados espetaculares, que acabamos por não fazer o que temos que fazer, e por nem disfrutar do que fazemos. 

 

Abandona as expectativas do que queres que te aconteça, e pergunta-te o que podes fazer para alcançar objetivos que dependam de ti. Dá o teu melhor, diverte-te no caminho, cai, levanta-te, faz de novo, aprende, evolui, cresce, influencia positivamente quem te rodeia.

 

Quando menos deres por isso, aí sim, irás superar qualquer expectativa, porque no fundo, não terás nenhuma. 

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Esta semana a entrevista da DreamAchieve é com Sérgio Ramos, atual Treinador adjunto da Seleção Nacional de Seniores Masculinos, tendo também sido um dos melhores jogadores portugueses de sempre.     

 

1 - Sérgio, enquanto atleta e agora como treinador, por onde foi o teu percurso?

Comecei a jogar num clube de bairro, Sport Clube Maria Pia, dos 10 aos 14 anos de idade. Na altura o meu treinador foi convidado a ir treinar para o Estrelas da Avenida e eu fui com ele. Joguei nos Estrelas dos 14 aos 19 tendo iniciado o meu percurso na equipa sénior com 16 anos.

Depois transferi-me para o Benfica, onde estive 4 anos, dos 19 até aos 23 anos.

Depois iniciou-se o meu percurso pelo estrangeiro: Adecco Milano e Avellino (LEGA 1); Lleida (ACB); Palma Maiorca (LEB ouro); Drac Inca (Maiorca) (Leb ouro).

Como treinador, estive como adjunto do Prof. José Tavares nos cadetes do Benfica em 2014/15, 4 anos no Benfica nos escalões de formação (2 anos sub-14, 1 ano sub-16, 1 ano sub-18), 2 anos nos seniores no Clube Futebol “Os Belenenses”, e um ano como adjunto da Seleção Nacional Sénior Masculina.

Resumidamente 32 anos ligados ao basquetebol!

 

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2- Foste um atleta internacional de grande destaque na Liga Portuguesa, e foste dos poucos atletas a conseguir ter uma carreira sólida em Ligas europeias. O que acreditas ter feito diferente dos outros para alcançar esse patamar?

Em primeiro lugar acho que o talento é um requisito fundamental para que clubes de outros países reparem em nós. Acho que tive muita sorte nos treinadores de formação que tive que me ensinaram a jogar e ajudaram a desenvolver um conjunto de competências e capacidades que me permitiram destacar no alto rendimento. Depois acho que o trabalho individual e o gosto pelo basquetebol fizeram o resto – gostava muito de jogar, de treinar, de competir. Os meus verões eram passados no campo do Maria Pia em jogos (5x5, 3x3, 1x1) ou em competições de lançamentos com os meus amigos. Raramente estava em casa, saía depois do almoço e chegava depois das 9 (com direito a repreensão da minha mãe!).

 

Por último, penso que a ambição de querer ser melhor e de competir com os melhores fizeram-me tomar decisões importantes quando surgiram as oportunidades.

 

Quando fui para Itália (a convite do Adecco Milano) fui ganhar menos dinheiro do que ganhava no Benfica, mas sabia que se queria ser melhor jogador era para Itália que deveria ir. Queria testar-me, evoluir, competir contra os melhores, e sabia que só saindo de Portugal o poderia fazer na sua plenitude. Saí dois anos mais tarde do que deveria ter saído, mas fi-lo quando surgiu a oportunidade.

 

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3- O que acreditas ser necessário para um atleta atingir o seu máximo potencial?

Primeiro trabalhar muito, todos os dias, com a máxima intensidade. Treinar e treinar é a única solução para sermos melhores e podermos estar preparados para competir. Só com muitas horas de prática podemos melhorar e evoluir. Os treinadores são uma peça chave no processo de formação. Sempre tive treinadores que me ajudaram a melhorar e me deixaram crescer. Eu com 15 anos, na minha equipa de cadetes jogava a base, era o jogador mais alto da equipa, mas jogava a 1. Possivelmente havia melhores dribladores que eu, que não perdiam tantas bolas nas transições ofensivas, mas o meu treinador (Luís Guedes) achava (ainda bem!) que se jogasse naquela posição poderia desenvolver um conjunto de competências técnicas e táticas diferentes daquelas que se jogasse mais por posições interiores. Acho que o meu jeito para jogar facilitou-lhe essa decisão, mas acho que o mérito é seu.

 

O esforço pessoal, a ambição e o trabalho diário colocam-te numa posição favorável para poderes aproveitar as oportunidades que surgem.

 

Acho que é importante estar no sitio certo à hora certa para se ter oportunidades para demonstrar o nosso potencial. Se a oportunidade de ter ido jogar para Itália não tivesse surgido não teria atingido os patamares de rendimento que depois atingi na Liga ACB.

 

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4 – Hoje como treinador, o que aconselharias ao Sérgio jogador?

Uff… Acho que era demasiado perfeccionista quando era mais jovem, queria ser sempre o melhor em tudo e detestava perder (às vezes tinha mesmo mau feitio!). Acho que essas caraterísticas são positivas no sentido de teres ambição de ser melhor e de te esforçares para o alcançar, mas podem ser prejudiciais quando não consegues estabelecer objetivos individuais realistas e adequados à realidade. Dou um exemplo simples desse desajuste das minhas expectativas ao contexto: quando tinha 16 anos estreei-me nas competições Europeias contra uma equipa Belga (Charleroi). Joguei 10 minutos e tive a oportunidade de defender uma lenda da seleção soviética campeã olímpica, Homicius. Nesse jogo defendi-o bem e marquei 1 ponto de lance livre (marquei um e falhei outro). Depois do jogo lembro-me de estar chateado e frustrado de ter falhado 1 lance livre e de ter jogado apenas 10 minutos em vez de estar contente por ter marcado 1 lance livre nas competições europeias com apenas 16 anos.

 

O perfeccionismo não me deixou desfrutar do momento de uma estreia europeia com 16 anos.

 

Na minha primeira etapa de Benfica surgiram muitos momentos destes quando jogava menos tempo que me frustravam e faziam duvidar das minhas capacidades. Depois ao longo dos anos fui melhorando e fui capaz de adequar muito melhor as expectativas e os meus objetivos pessoais à realidade onde estava inserido.

Outro aspeto que desenvolvi mais tarde com a minha experiência no estrangeiro foi o significado de “ser profissional” e todos os passos que têm que ser dados para cuidares do teu corpo e o colocares numa posição onde lhe possas tirar o máximo rendimento (ex., o trabalho físico, a alimentação, o descanso)

 

Se tivesse que dar um conselho seria este: mais paciência, menos perfeccionismo e adequar melhor os meus objetivos pessoais ao contexto e aprender “a ser profissional” mais cedo na minha carreira.

 

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5- Que aprendizagens do basquetebol levaste para a tua vida?

Acho que o basquetebol é a minha vida e por isso é difícil dividir estas duas dimensões. No entanto acho que a perseverança, o espirito de sacrifício, a responsabilidade, a disciplina, o respeito pelos outros, o trabalho em equipa, foram competências que fui desenvolvendo no desporto e no basquetebol em particular.

Acho que o modo como nos relacionamos com os outros no campo de basquetebol, os nossos comportamentos, as nossas atitudes revelam bastante o nosso caráter e o modo como realmente somos. Acho que o desporto molda um pouco o caráter das pessoas, mas sobretudo revela-o. Acho que ao longo do meu percurso no basquetebol (como atleta e como treinador) sempre consegui ser bem-sucedido sendo respeitador com todos os intervenientes do jogo (jogadores, treinadores, árbitros e dirigentes).

 

O basquetebol deu-me tudo: conheci a minha mulher, fiz inúmeras amizades, deu-me independência financeira, possibilitou-me viajar e ajudou-me a crescer como homem e cidadão. Estarei sempre em divida para com ele.  

 

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6 – Foste um atleta internacional que acumulou 115 internacionalizações, e hoje és adjunto da Seleção Nacional de Seniores Masculinos. Qual é a sensação?

De um enorme orgulho e de agradecimento às pessoas que confiaram em mim ao longo destes anos: aos treinadores que me convocaram enquanto jogador e ao prof. Mário Gomes que me convidou para adjunto da seleção.

Acho que enquanto jogador não valorizamos completamente o facto de podermos representar o nosso país e poder fazer parte de uma equipa com os melhores jogadores nacionais. Não é que não a consideremos importante, mas absorvemos esta experiência como algo normal e não como algo especial. Acho que apenas a valorizei completamente quando deixei de ir à seleção com 32 anos. Na altura abandonei por um conjunto de questões pessoais que me fizeram tomar essa decisão, mas arrependi-me mais tarde.

 

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7- A DreamAchieve promove a importância de temas de Psicologia e Coaching no Desporto. São abordados temas relacionados ao comportamento, motivação, mentalidade, superação, espírito de equipa, comunicação, e muitos mais… Na tua opinião, qual foi a importância destes temas na tua prática desportiva, e hoje na tua prática de treinador?

Acho que as minhas respostas anteriores responderam já a esta pergunta. Acho fundamental a Psicologia e Coaching no Desporto no sentido de ensinar os jogadores, e também os treinadores, a perceberem melhor a realidade circundante: as suas perceções sobre a realidade, a definição de objetivos realistas, a gestão das emoções, etc….

Dou o meu exemplo pessoal. Sempre fui bastante ansioso antes dos jogos: ficava preocupado com o que ia acontecer, se ia corresponder às expetativas do treinador e dos colegas, se conseguia fazer a minha equipa ganhar, sempre com uma grande carga emocional nos meus ombros. Colocava-me num estado mental que por vezes não era funcional para mim. Aprendi ao longo do tempo (e com a ajuda de um psicólogo que trabalhou comigo em Lleida na altura da minha lesão do joelho) a aprender a gerir os meus estados de ansiedade e a ajustar as minhas expectativas sobre o meu rendimento.

Encontrei umas rotinas que não me retiravam completamente a ansiedade (precisava dela para estar preparado para competir e render) mas que a colocavam num patamar onde era funcional para mim. Ajudavam-me a preparar para o jogo e para a competição.

Como treinador dou extrema importância a este aspeto. Se os jogadores não estiverem bem psicologicamente, se as suas expectativas e papeis não estiverem claros nas suas cabeças, se os objetivos pessoais e coletivos não forem adequados, se a coesão coletiva não for a ideal, é difícil que a equipa funcione. Ser treinador é também intervir sobre os aspetos psicológicos que são determinantes no rendimento desportivo de uma equipa.

 

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8- Se pudesses dar um conselho a todos os atletas e treinadores que te admiram, o que seria?

O mais importante é que sintam paixão pelo que fazem, seja a jogar ou a treinar.

Sejam ambiciosos e perseverantes. Esforcem-se por ser o melhor que conseguirem ser. Respeitem os demais.

 

Tentem contribuir para a construção de algo maior que cada um de vós. 

 

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Em apenas uma frase diz-nos:

 

Momento mais alto da tua carreira: Jogador da semana e do mês na Liga ACB e ser considerado como um dos melhores extremos da competição.

 

Pessoas mais importantes no teu percurso: A minha mãe e a minha família, os meus amigos mais íntimos e os meus treinadores.

 

Lugar preferido no mundo: Lisboa.

 

 

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Sérgio Ramos Basketball Camp 

 

 

 

 

 

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15 Set, 2017

É POSSÍVEL!

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Quando tens a coragem de olhar mais além, e descobrir que há caminhos mais altos, és invadido por um incômodo diário por saberes que podes mais.

Há pessoas que te aconselham a não olhar, porque ao olhar vais querer agir, e elas, vendo as tuas ações de grandeza, estarão a ver aquilo para que inicialmente olhaste, e que te fez agir diferente de todos. Olhar, ver, querer, desejar e lutar pelas alturas dá permissão a quem te rodeia para fazer o mesmo.

A tua presença nessas condições diz aos outros "É possível!". Isto elimina as desculpas... O que dá uma carga de trabalho! Entendes agora de onde vem a negatividade de alguns? Se tu mostrares que é possível, eles vão ter que admitir que é por causa deles mesmos que não alcançam o mesmo que tu!

Mas há quem precise que ajas assim! O mundo precisa! Há quem precise de se inspirar nas tuas chamadas "loucuras". Atreve-te a olhar, a sonhar, a agir... 
Atreve-te a abrir caminhos... Atreve-te!

12 Set, 2017

ÚLTIMO TREINO

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Era quinta-feira, primeira semana de treinos da época. Cheguei ao fim do treino com o joelho dorido, inchado, não conseguia dobrar a perna... Lembro-me do treino, de querer provar que estava bem, de roubar bolas e de ganhar ressaltos... De fazer imensos contra-ataques...

 

Estava com vontade, estava no meu limite... Tanto que, mesmo com dores, continuei... Lembro-me do meu último treino, do meu último jogo, da minha última semana... Lembro-me do último treino que fiz sem dores no joelho...

 

Só há uma coisa que eu não me lembro... Não me lembro de saber que era o meu último treino, o meu último jogo, a minha última semana. Não há como lembrar nem como saber.

 

É difícil saberes quando vai ser o teu último momento em campo. Podes ter planeado anos de carreira, mas são coisas que não podemos controlar. Estamos sempre sujeitos a imprevistos, e mesmo fazendo muitas coisas para prevenir, por vezes não há nada a fazer.

 

Aliás , há sim uma coisa que se pode fazer...

 

Se houvesse forma de saber qual o teu último treino? E se só tivesses mais uma época? Mais um mês? Mais uma semana? E se hoje fosse o teu último dia em campo...

 

Será que treinarias com a atitude que treinaste ontem? Será que jogarias como jogaste na época passada? Será que te ias queixar das coisas que te queixaste, ou que as coisas que te distraíam iam voltar a distrair?

 

Será que se hoje fosse o último dia, irias ter orgulho do que fizeste? Irias ter orgulho do atleta que foste?

 

Se acabasse hoje, seria um final feliz, ou seria puro arrependimento por não teres feito melhor?

 

Será que te irias sentir mal por não ter feito mais, por não ter dado mais de ti no teu último treino?

 

Obviamente sempre podemos fazer mais e melhor, há sempre o "e se" na nossa cabeça quando acabamos alguma fase na nossa vida. Mas existe o "e se" hipotético, e o "e se" de sabermos que nas condições que tínhamos, podíamos ter feito muito, mas muito melhor.

 

O que queres que digam de ti como atleta quando deixares de jogar?

 

Em vez de pensares nisso como algo muito longínquo, pensa no HOJE. Pensa em ser esse atleta hoje. Porque na verdade é a única maneira de te tornares nesse atleta que queres ser. Sendo-o HOJE.

 

Se pensares que esta pode ser a tua última época, a tua última competição, o teu último treino, o teu último exercício... Vais deixar alguma coisa por fazer? Vais deixar esforços para depois?

 

Não, pois não?

 

Dá tudo como se não tivesses mais oportunidades para dar e mostrar quem és. Quem sabe é assim que te tornas em quem queres ser.

04 Set, 2017

ATLETA SEMPRE

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Quando cheguei ao CAB, estava em baixo de forma, então os meus treinadores fizeram-me um treino especial extra para eu apanhar o comboio das minhas restantes colegas.

 

Andava a correr 3 vezes por semana cerca de 45 minutos depois dos treinos matinais. Também falei com uma nutricionista, e comecei a cuidar de uma série de coisas.

 

Comecei a ver resultados numa questão de poucas semanas, a sentir-me bem melhor, e a ficar mais confiante. Então, o que acontece quando nos sentimos assim? Relaxamos...

 

Um dia, depois da corrida, estava a almoçar no restaurante do clube, e achei que merecia uma recompensa. Então decidi pedir batatas fritas para o almoço.

 

O prato chegou! Ia começar a comer e aparecem os meus treinadores. Obviamente começaram a chamar-me à atenção, que não valia de nada estar a correr, se eu não fosse cuidadosa com o que estava a comer.

 

Eu não liguei, inclusivamente ainda disse que uma vez não fazia mal. Só que não era só aquela vez, eram todas as vezes que tinha oportunidade.

 

A questão aqui não eram as batatas, ou um chocolate ou um gelado. A questão aqui é que eu deixava de ser atleta quando saía de dentro de campo.

 

O meu treinador disse-me que se me mandassem correr todos os dias eu ia, e até ia além do que me pediam. Mas que não sabia fechar a boca. Sabia dar o meu melhor dentro de campo, mas fora o meu chip desligava.

 

Há muitos outros atletas que dentro de campo até fazem muitas coisas, mas não cuidam da alimentação, do descanso, da recuperação, e outras coisas que complementam um atleta completo.

 

Isto prova uma coisa. A pessoa em questão até gosta de fazer desporto, mas não tem uma mentalidade de atleta. Porque quem a tem, tem-na em qualquer lado.

 

Tem quando come, quando dorme, quando se levanta, quando está com a família, tem na forma de tratar as pessoas, tem na responsabilidade com os estudos... É um atleta em tudo!

 

Ser atleta em tudo é dar o seu melhor em tudo, ser humilde em tudo, procurar corrigir erros em tudo, lidar com a frustração em tudo, focar no que pode controlar em tudo, tomar as melhores decisões em tudo, em todos os contextos e com todas as pessoas.

 

Até podes ser bom atleta dentro de campo, marcar pontos e estar numa boa equipa... Mas poucos chegam ao topo, exatamente por causa disto. Porque alguns quando saem do pavilhão ou do ginásio, deixam de ser atletas. Outros nunca deixam de o ser.

 

Quem acham que vai ganhar mais avanço?