ATÉ À FALHA
No Crossfit para encontrar a nossa força máxima num determinado exercício de força, uma das formas de a encontrar é "Ir até à falha". Ou seja, ir aumentando de peso, até que chegamos a um determinado patamar que falhamos o exercício por já não conseguirmos levantar aquela quantidade. Só assim se sabe que realmente estamos na força "máxima".
No outro dia, enquanto treinava, estava a pensar nisso. Estava a tentar encontrar a minha força máxima para 3 repetições em Front Squat (Agachamento), queria ir até à falha, mas não tive "coragem". Quis ficar com a sensação de ter conseguido, em vez de tentar novamente com um pouco mais de peso e falhar.
Evoluir passa pelo equilíbrio entre o Acerto e a Falha.
No acerto sinto-me confiante e competente, na falha desafio-me e vejo o que preciso de melhorar. A falha é um indicador de limite, uma informação que nos diz - "Este é o objetivo, é esta a linha que tens que ultrapassar da próxima vez".
Se não nos desafiamos a ir até à falha de vez em quando, estamos sempre numa zona que já nos sentimos mais ou menos confortáveis, estagnando na evolução.
Coragem para falhar torna-se então essencial para evoluir.
Já expliquei isto a muitos atletas com quem trabalho, e a muitos treinadores que oriento no sentido de tirarem o melhor rendimento dos seus atletas:
"Faz o que fazes bem, investe no que és bom a fazer, mas desafia-te e atreve-te a falhar para poderes evoluir e ao veres os teus limites, teres objetivos. Quando atingires esses objetivos, que serão bastante concretos, verás que estás em progresso."
Mas naquele dia, num treino meu, no meu investimento pessoal pelo meu bem-estar e saúde, mesmo querendo melhorar, ver até onde queria ir, faltou-me essa coragem. Coragem para "sofrer" fisicamente, para lidar com os olhares depois da barra cair no chão, para ter que admitir que não conseguia mais.
(Por favor, antes das críticas, saibam que todos os treinos devem - no meu caso são - ser acompanhados por profissionais credenciados e experientes, que vão direcionando e corrigindo a tua técnica e dizendo se estás preparado para colocar mais peso ou se deves continuar a investir na técnica com o mesmo peso. Inclusivamente, ensinam-te a técnica da falha, e como deves fazer para realizares todos os movimentos sem prejudicares a tua saúde).
Depois de decidir arrumar os pesos sem me ter arriscado a falhar, pensei o que poderia fazer com que um atleta ganhasse essa coragem de ir até onde não pode mais. Sair da chamada Zona de Conforto e ir até à Falha não é um processo apenas físico... É emocional. Lidar com o "Não consigo" pode ser um processo que altera a perceção que temos do nosso valor.
A não ser que o "Não consigo" se transforme em "A próxima coisa que vou conseguir". O medo de falhar está frequentemente relacionado à sensação de que se não se consegue uma vez, não se consegue ponto final. E que isso significará que sou um fracasso. Quando na verdade o processo de treino é um processo de falhas corrigidas. O caminho para o sucesso é um conjunto de falhas redirecionadas. Toda a aprendizagem tem uma componente de tentativa e erro, porque nunca o vou saber fazer perfeitamente bem à primeira.
Ter coragem de falhar acaba por torna-se quase que equivalente à coragem de desafiar-me e de evoluir. Abrindo mão da falha - que eu gosto mais de chamar de "Pistas para fazer melhor da próxima vez" - abrimos mão de nos tornarmos melhores.
E quem não quer ser melhor?
Eu quero. Então vou falhar bastante. E se te preocupa que alguém comente sobre as tuas falhas, em forma de crítica, podes usar este pensamento que eu gosto de usar:
"Enquanto estás a falar daquilo que fiz mal, já eu me corrigi e estou
muito melhor do que tu. Continua a falar, que eu continuo a trabalhar."
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