Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

|| DreamAchieve || Sports & Performance

Psicologia do Desporto e Performance || Coaching Desportivo e Empresarial || Formação

|| DreamAchieve || Sports & Performance

Psicologia do Desporto e Performance || Coaching Desportivo e Empresarial || Formação

IMG_3329.JPG

 

Os acontecimentos de última hora relativamente a Simone Biles, e os recentes acontecimentos relativamente a Naomi Osaka, entraram no espectro de uma onde de conscientização geral sobre a Saúde Mental no Desporto. 

Acredito que esta onda já exista há muito tempo, mas só para os mais atentos. Para outros, que por alguma razão - por não serem do meio desportivo, ou das áreas comportamentais - não se tinham apercebido da pressão que existe no meio desportivo de alto rendimento, começam a perceber agora uma série de situações com atletas de topo. Estas situações começam a quebrar o mito de que a vida de atleta de alta comeptição é só glamour, fama e dinheiro. 

A onda mais recente de conscientização, parece-me ter começado em Julho de 2020 com o lançamento do Documentário "The Weight of Gold" (O peso do ouro), onde estrelaram Michael Phelps e outros atletas olímpicos medalhados de modalidades individuais. Com a evolução da situação pandémica e o adiamento dos Jogos Olímpicos 2020, o atleta com mais medalhas de sempre em Jogos Olímpicos, veio a público falar sobre a sua Saúde Mental e defender a necessidade de se fazer alguma coisa pelos atletas que competem a intensidades quase sobre humanas. 

Deste documentários surgem expressões como "Depressão Pós-olímpica" e outras como "Não sei quem sou fora da competição" e outras como "Se falhasse parecia que estava a morrer por dentro". Resumidamente, sensações que não fazemos ideia que os atletas sentem, se só virmos a superfície da vida desportiva. O documentário termina com casos de suícidio dentro do desporto de elite. É arrepiante.

(Só acrescentar que uma das coisas que os atletas se queixaram foi da falta de apoio psicológico.)

 

Mais recentemente, há cerca de um mês, surgiu publicamente a situação da Naomi Osaka, mas sobre isso podem ler neste último artigo aqui no blog. 

 

E em jeito de última hora, aparece Simone Biles a interromper uma competição, e depois a abandoná-la de todo, alegando também questões de Saúde Mental. 

Há umas semanas atrás, antes dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, a atleta começou a partilhar no seu Facebook um Documentário intitulado "Simone vs. Herself" (Simone contra ela mesma). Num dos episódios, a atleta refere numa gravação feita no início da pandemia "Se os Jogos Olímpicos forem adiados, em desisto. Não aguento mais um ano com este ritmo de treinos." Referiu ainda um grande cansaço, um ritmo elevado de vida, e após o adiamento dos Jogos, e com o isolamento, mostra-se muito desmotivada. Tudo isto, quem sabe, já era um alerta. 

 

Já em Tóquio, nas finais coletivas, em que 4 atletas teriam que fazer 4 exercícios (Salto, Trave, Paralelas e Solo), Simone faz o Salto que não lhe corre bem - o que já não é natural acontecer. Quando sai, já não volta para completar os exercícios, abandonando a prova. 

Na conferência de imprensa relatou: “Eu digo para se meter a Saúde Mental em primeiro lugar porque se não o fizeres, não vais desfrutar do teu desporto e não vais ter sucesso tanto quanto gostarias. Então não faz mal até ficar de fora de uma grande competição para te focares em ti mesmo, porque mostra quão forte realmente és como competidor e como pessoa.”

Como disse ao início, o tema da Saúde Mental no Desporto não é novo. Aliás, houve uma época em que se falava tanto disso, que os psicólogos tiverem que tentar variar um pouco os temas da psicologia do desporto, porque estavam a começar a ser rotulados como aqueles que só apareciam quando tudo estava mal - quando na verdade um psicólogo do desporto pode fazer tão mais! 

Mas não sendo novo, é novo atletas deste nível não só estarem a falar, como a afastar-se de provas importantíssimas, o que chama à atenção das pessoas a um nível totalmente diferente. Falar é uma coisa, fazer é outra. As coisas estão a mudar. 

Naomi afastou-se de duas provas, Simone agora também afastou-se. Tal como uma lesão, mas desta vez emocional. 

 

O que se tem a concluir disto é que não se pode continuar a ver a Psicologia como um último recurso, é uma área de preparação como outras, principalmente dentro de um meio em que a pressão, a intensidade, a repetição e a exigência estão a um nível em que só os militares, bombeiros e policias podem dizer que o ultrapassam.

"Então mas eles são tão bons, será que precisam mesmo?" - Quanto maior o nível, maior a exigência. Então maior deve ser o cuidado. 

 

A Psicologia deve ser trabalhada em paralelo com o treino. Desde pequenos a grandes. Desde baixo até ao desporto de elite. Desde a Saúde Mental até à Performance em si. 

Onde há Pessoas há Psicologia. 

E que mais gente venha a público, porque estes foram só os que decidiram falar. 

 

Até à próxima!