À ESPERA DA EXPECTATIVA...
Ia ser a primeira vez que jogava contra a minha antiga equipa. Estava num novo clube, e por alguma razão humana, quando estamos a viver algo novo e podemos mostrar isso a quem fez parte do nosso algo antigo, temos uma necessidade enorme de provar algo.
Naquela semana treinei a pensar nisso, em provar alguma coisa. Ouvi um comentário em tom de elogio/piada do meu treinador durante os treinos "A Nádia quer marcar 30 pontos este fim-se-semana!"
Fossem os 30 pontos, ou o que fosse preciso para ganhar. Não podia aceitar ter ido para uma equipa pior. Ganhar e perder num determinado momento, pode não provar que uma equipa é melhor que a outra, mas ainda assim, era o que eu queria.
Criei uma expectativa do ambiente. Comecei a imaginar as bolas que ia marcar, os aplausos que ia ouvir, a vitória... As pessoas que me conheciam do antigo clube a pedirem-me para voltar... Essas coisas todas de filme que criamos nas nossas cabeça, normalmente em câmera lenta...
Este jogo marcou-me. Ensinou-me na prática o porquê de ser pouco produtivo criar expectativas. Além de ter marcado apenas 8 pontos, joguei muito menos tempo do que esperava, e perdemos por 3 depois de prolongamento. No fim do jogo já nem conseguia estar sentada no banco, andava de pé de um lado para o outro. Fiquei muito desiludida naquele dia, e hoje percebo porquê.
Quando criamos expectativas, criamos a na nossa mente um filme do que queremos que aconteça, do que queremos que os outros nos digam, do que queremos que os outros façam, ou notem. Criamos um fantasia do que poderá acontecer à nossa volta. Conseguem ver o probelma nisto? Não temos controlo de nada!
Por outro lado, quando criamos objetivos, trazemos a responsabilidade para nós, baixamos a pressão do poder que as circunstâncias possam ter nos nossos resultados, e focamo-nos mais no que podemos fazer.
O jogo correu mal porque todo aquele filme era algo irreal, e a pressão nos meus ombros, que eu mesma meti, era enorme! Era muito difícil algo tão perfeito acontecer, só esse pensamento deixava-me nervosa. Eu estava com mais medo de errar, do que focada em fazer o que tinha que fazer em campo.
Isto acontece em tudo na nossa vida. Estamos tantas vezes preocupados em ter resultados espetaculares, que acabamos por não fazer o que temos que fazer, e por nem disfrutar do que fazemos.
Abandona as expectativas do que queres que te aconteça, e pergunta-te o que podes fazer para alcançar objetivos que dependam de ti. Dá o teu melhor, diverte-te no caminho, cai, levanta-te, faz de novo, aprende, evolui, cresce, influencia positivamente quem te rodeia.
Quando menos deres por isso, aí sim, irás superar qualquer expectativa, porque no fundo, não terás nenhuma.