ATALHOS PARA O SUCESSO
Não me lembro contra quem estávamos a jogar, só me lembro que faltavam cerca de 10 segundos para acabar o jogo e estávamos a perder por 1 ponto. No desconto de tempo o Ricardo desenhou uma jogada para eu fazer o lançamento final, do lado direito, a 45 graus, à tabela, perto do cesto.
Assim fizemos, lancei... Falhei. Perdemos.
Era só um jogo treino da seleção distrital, mas ainda assim, entre o fim do jogo, até ir-me sentar na bancada a ver os restantes jogos do torneio, tive tempo suficiente de pensar que jogava mal, que não devia ter sido eu a lançar, que contaram comigo e que desiludi.. Um monte de pensamentos negativo.
Finalmente na bancada, visivelmente afetada, o meu treinador, Ricardo, aproxima-se para conversar. Não falei muito sobre o que estava a sentir, mas lembro-me do que ele me disse: "Não importa se a bola entrou, importa que da próxima vez, quando for preciso, sei que posso contar contigo, porque fizeste tudo como te disse para fazer. É isso que o treinador procura. A bola podia ter entrado... Fizeste tudo o que podias, e é só isso que se pode pedir. Da próxima vai entrar."
Temos tendência a saltar um monte de passos até chegar aos nossos objetivos. Começa desde crianças, quando nos pedem para fazer os trabalhos de casa, mas olhamos para as soluções no final do manual. Quando mais tarde nos pedem para ler um livro para apresentar um trabalho, mas procuramos o resumo ou o filme, para não termos que ler tudo. Quando é dia de teste e não vamos preparados, vamos com cábulas. São atalhos que nos prejudicam para a vida.
Se eu perguntar a um grupo de estudantes se eles preferem estudar durante 5 dias para um teste e ter um 14 por mérito próprio, ou estudar 2 dias e ter 17 por ajuda de cábulas ou copiando, não tenho dúvida que a maioria escolhe a segunda opção.
Tal como se eu preguntar a um grupo de atletas (como recentemente tive a oportunidade de perguntar), se na mesma situação que eu estava, preferia ter marcado, fazendo uma coisa diferente do que o treinador pediu, ou falhar fazendo tudo como pedido, a maioria escolhe marcar.
Estou a colocar de parte a situação ideal, que é fazer tudo como é suposto, e conseguir ter o dito resultado positivo. O que hoje tem sido difícil entender é que esse resultado não vem à primeira, vem depois das coisas não terem acontecido exatamente como eu queria.
Porque que é difícil de entender isso? Porque é que todos preferem apanhar atalhos, prejudicando as aprendizagens e o crescimento pessoal, só para terem um resultado visivelmente mais gordo? Porque é que as pessoas de hoje em dia só pensam em conquistar, alcançar, ganhar, e o aprender, crescer e respeitar fica de lado?
Muito, muito simples. As pessoas tornam-se aquilo pelo que são recompensadas, e o que as figuras de autoridade hoje recompensam é o resultado, não o esforço.
Acreditem ou não, na escola, muitos 14's valem mais que 18's. No desporto muitas derrotas valem mais que vitórias. Em empresas, muitos despedimentos valem mais que ficar efetivo num local de trabalho.
A prova disso são as inúmeras histórias de pessoas que era alunos médios, e hoje têm mais sucesso que alunos de quadro de honra, ou pessoas que aprenderam tanto com as derrotas que a longo prazo avançaram mais que os que ganhavam sempre, e pessoas que ao serem despedidas tiverem finalmente a coragem de começar a trabalhar na área que gostam, e até por conta própria.
A recompensa pelo visível e imediato, acabou por fazer com que aquilo que é invisivel e mais demorado, fosse descartado. Mas se o descartares, até podes chegar lá mais rápido, mas não vais chegar muito longe. Se as coisas acontecessem da noite para o dia, não seria necessária a persistência, a resiliência nem a paciência.
Não te importes de demorar mais um pouco, importa-te em fazer as coisas bem feitas, e em construir raízes fortes para suportar tudo o que queres fazer no teu futuro. Não há atalhos para o sucesso. Se alguém te mostrar um, não vás por aí. Não acredites nas facilidades, não acredites na desonestidade em prol de um resultado. No fim quem ganha, são os valores.
Se decides suportar o que tu és, naquilo que fazes, qualquer coisa te derruba. A raíz que suporta tudo o que tu fazes, é a pessoa de valor que tu és.
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