CAMUFLAGEM SOCIAL
Pessoas que costumam dizer que cada um tem a sua opinião, mas não respeitam muito a opinião dos outros.
Pessoas que dizem o que pensam, mas criticam o que os outros pensam.
Pessoas que falam de tudo e de todos com muita propriedade, mas se falam delas, cuidado!...
Pessoas que têm a última palavra, que têm sempre razão, que são por vezes difíceis de conviver...
Conheces alguém assim?
Existe uma necessidade humana de encontrar parecenças com alguém ou algum grupo, para nos encaixarmos e sentirmos que pertencemos a algo. Isso traz-nos segurança.
Por outro lado também existe a necessidade da diferença. De sermos distintos de forma a obtermos um destaque por algo que fazemos de forma única.
Conjugar estar duas necessidades pode ser, por vezes, um desafio interessante.
Por um lado há quem camufle quem é, para ser igual ao grupo. Assim não dá muito nas vistas mas também não é criticado.
Por outro lado, esse "não dar nas vistas", também pode causar alguma frustração.
Entretanto, tanto que se fala em ser único, "ser tu mesmo", ser criativo, dizer o que se pensa, ter opinião e ser diferente, que algumas pessoas decidiram começar a fazer isso mesmo!
Mas ser diferente tem um preço. Existe um processo pessoal que envolve uma construção de auto-estima e personalidade, para que estejamos prontos para pagar esse preço.
Ter a minha forma de ser e pensar, envolve que nem todos se agradem com as minhas opiniões, e que até nem todos gostem de mim.
Então as pessoas que ainda estão a passar por um processo de crescimento, e decidiram começar a ser quem são, deixaram de ser quem se camufla ao que está à sua volta, para começar a criticar quem não está camuflado às suas opiniões.
Ou seja, já não são a pessoa que se deixa levar por quem está à sua volta, mas quer que todos se deixem levar por ela.
Não se dão conta que estão a fazer exatamente o mesmo que faziam antes de decidirem ser "elas mesmas". Continuam a precisar de encontrar um meio que se encaixe com quem ela é, apenas inverteram o processo.
Então deparamo-nos com o tipo de pessoas que descrevi no início do texto.
Na verdade, quem é realmente único (o que na verdade todos somos), respeita as pessoas únicas. Quem é diferente, respeita as diferenças. Quem diz o que pensa, também ouve o que os outros pensam.
Se assim não for, é possível que ainda se esteja a desabituar da necessidade de ter camuflagem social à sua volta.