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|| DreamAchieve || Sports & Performance

Psicologia do Desporto e Performance || Coaching Desportivo e Empresarial || Formação

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Por vezes é praticamente obrigatório tomar uma decisão que pode mudar as nossas vidas. Até o facto de não tomarmos decisão nenhuma, pode ser uma decisão que afetará o nosso futuro.

 

Depois do meu (espetacular) primeiro ano no Centro de Alto Rendimento no Jamor, fui convidada para permanecer durante mais um ano. Eu aceitei sem grande dificuldade, porque sabia que, tal como no primeiro ano, ia evoluir imenso.

 

O que eu não sabia era que havia uma outra oportunidade de eu aprender ainda mais.

 

No CAR Jamor jogávamos no campeonato da Primeira Divisão, só que no Algés (meu clube na altura) as seniores jogavam na Liga, campeonato em que nunca tinha jogado.

 

Participei de alguns torneios de pré-época com as seniores do Algés e correram muito bem. E recebi um convite surpresa do meu treinador para integrar a equipa sénior em tempo total durante a época.

 

A decisão foi difícil e fácil. Difícil porque iria deixar amigas, colegas de equipa, pessoas que chamava de irmãs para trás... Momentos, memórias, crescimento...

 

Fácil porque o meu objetivo principal sempre foi estar no lugar que me fizesse evoluir mais. E isso era na Liga.

 

Tomei a decisão e em uma semana já não estava no CAR. Houve uma reunião entre os meus treinadores da Centro de Alto Rendimento, o meu treinador do Algés, e o vice-presidente da federação da altura. Expliquei o carinho que tinha pelo trabalho, com uma dor no peito.

 

Ninguém contestou a minha decisão, apesar da surpresa, porque já tínhamos um mês de época.

 

Primeira segunda-feira a treinar oficialmente como jogadora da Liga, com a minha nova equipa. O treino começa ao apito do treinador, e todas nos reunimos no centro do campo.

 

Eu olhei à volta e vi uma jogadora da seleção brasileira, a Gilmara Justino. Forte, alta, grande jogadora na posição de poste. Lembro-me de vários treinos com ela, eu pendurada nos braços dela, e ela a marcar ponto como se eu nem estivesse ali.

 

Olho para as jogadoras que já pertenciam à seleção nacional de seniores, uns 10 anos mais velhas que eu.

 

Olho para jogadoras que já tinham estado nos Estados Unidos.

 

Olhos para jogadoras que quando eu comecei a jogar basquete, elas já eram seniores.

 

Olho à minha volta e é um desafio completamente diferente. Eu com os meus 17 aninhos, começo a pensar se terei tomado a melhor decisão.

 

O meu treinador começa por falar sobre a atitude que tomei, em detrimento da minha evolução, e que a partir daquele dia eu ia fazer parte daquela equipa.

 

Pude ouvir algumas palavras de incentivo, mas houve uma frase, dita pela Joana Fogaça, que ficou marcada na minha memória: "A Nádia tomou uma atitude muito adulta."

 

A Fogaça na altura para mim era o tipo de jogadora que eu amava apreciar. Jogava na posição de base... Já tinha treinado algumas vezes com ela e nunca tinha tido uma base tão inteligente. Era líder nata, encontrava espaços vazios em qualquer jogada impossível, e metia a equipa a andar. Era um dos motores do grupo.

 

Aquela frase vindo dela, fez-me viajar à pergunta do que era mais importante para mim. As amigas ou a minha evolução. As amigas eram importantes, as relações que criei (e continuei a criar) eram importantes. Mas eu queria ser jogadora à séria.

 

Para isso é preciso constantemente tomarmos "decisões adultas". Decisões em que abrimos mão de coisas e pessoas que amamos, em detrimento de algo que é maior.

 

Naquele momento fiquei em paz.. Continuei em pânico, mas em paz com a minha decisão. Foi um ano difícil, trabalhoso, recompensador...

 

Mal sabia eu que no fim dessa época tinha que tomar outra decisão adulta, quando rumei para a Madeira, para jogar num clube que, naquele momento, fez-me mais sentido para continuar a perseguir o meu sonho.

 

Para decisões difíceis, esta é a minha receita. Perguntar: "O que é mais importante para mim?"

 

E para ti? O que é mais importante?