ENTREVISTA: CAROLINA GONÇALVES
Esta semana a DreamAchieve teve oportunidade de entrevistar Carolina Gonçalves, atleta internacional que, além de ter tido um papel crucial no Europeu de sub-20 feminino, foi também a segunda melhor marcadora da competição (média de 20 PTS), e a jogadora com mais roubos de bola (média de 3 RB).
DA: Carolina, por onde foi o teu percurso desportivo até hoje?
CG: Iniciei o meu percurso desportivo com 14 anos no Sport Algés e Dafundo, um clube com uma grande formação, onde estive até aos meus 18 anos. No Algés tive oportunidade de trabalhar com excelentes treinadores e colegas de equipa, com quem conquistei vários títulos, em especial 3 campeonatos nacionais.
De seguida ingressei na Quinta dos Lombos, onde disputei 2 campeonatos no escalão de sénior. Fui campeã distrital e vice-campeã nacional de sub-19.
Ao nível das seleções nacionais iniciei o meu percurso nas sub-16, com o título de vice-campeãs da Europa na divisão B, tendo no meu currículo mais 4 participações em campeonatos Europeus de sub-18 e sub-20.
DA: Tens representado com grande sucesso a Seleção Nacional, prova disso foi o grande Campeonato da Europa de Sub-20 que acabaste de realizar.
O que significa para ti vestir as cores nacionais?
CG: É o culminar do trabalho de uma época, representar Portugal é sem dúvida o ponto mais alto da carreira de qualquer atleta. Sinto, sempre, um enorme orgulho, honra e privilegio, ao vestir as cores nacionais. A emoção que sinto ao cantar o hino dentro de campo é algo indescritível.
É também uma grande responsabilidade porque estás a representar o basquete feminino português, e podes servir de inspiração para que as gerações seguintes continuem a trabalhar. Por outro lado, o facto da competição ser uma das minhas maiores motivações, faz com que poder jogar contra Espanha, França ou Itália, e contra as jogadoras que serão o futuro do basquetebol europeu, seja uma oportunidade incomparável.
DA: Como já referiste publicamente, tiveste uma época com muitos desafios e obstáculos, mas vimos que superaste essa fase neste Campeonato Europeu. Terminaste como a segunda melhor marcadora da competição, e foste a jogadora com mais roubos de bola.
Que mentalidade te fez persistir?
CG: Sem dúvida que foi difícil. Houve momentos em que a vontade de desistir era maior que a de continuar. Foi uma época em que joguei pouco, pois estive seis meses sem competir, e outros três em que senti que não tive tantas oportunidades quanto gostaria para demonstrar o meu valor. Sentia que não era eu mesma. Saber que podia ser e fazer mais, destruía-me por dentro.
O papel da Nádia Tavares foi crucial na transição dos meus pensamentos negativos para positivos. Desde então procurei ter uma atitude totalmente diferente. Perante as dificuldades foi fundamental levantar a cabeça, ter as prioridades bem definidas e trabalhar muito para alcançar os meus objetivos e os da equipa. Acreditar no meu valor foi decisivo para que me conseguisse superar neste Europeu. Porém quero destacar a importância do trabalho de todo o grupo, sem elas teria sido impossível alcançar estes feitos.
DA: Na tua opinião, que características são necessárias para se ser uma atleta de destaque?
CG: Para além de algumas competências físicas, para mim é muito mais importante a preparação mental e o acreditar em nós próprios, tenho a certeza que estes dois elementos são a base do sucesso dos super atletas.
Temos que ter igualmente a ambição de querer ser melhor dia após dia, e de não deixar que o sucesso de um dia faça com que descanses no próximo.
É também determinante ter a humildade para aceitar que estamos em constante aprendizagem e assim continuar a crescer e a evoluir como atletas e pessoas.
Além disso é fundamental gostar de treinar e competir. E por fim, mas não menos importante, termos disciplina para cuidar do nosso corpo.
DA: Quão importante achas que é o trabalho em equipa?
CG: A melhor maneira de responder a esta pergunta é falando sobre o Fight Club 2017, a Seleção Nacional de sub-20 com quem estive neste Europeu.
Éramos um exemplo de entreajuda, cooperação e superação.Isso fazia-nos sentir seguras ao entrar em campo e saber que tínhamos 12 jogadoras e todo um Staff a lutar pelo mesmo.
Fomentar a união e um bom espírito de grupo foi determinante para que se concretizassem os objetivos delineados.
DA: A DreamAchieve promove a importância do Treino Mental, e aborda temas relacionados a superação, reação ao erro, motivação e outros... Para ti pessoalmente, qual a importância desta temática na tua vida quotidiana, e como atleta?
Posso falar da minha experiência pessoal. Através do Treino Mental comecei a conhecer-me melhor. Ganhei uma noção mais clara das minhas características, dos meus pontos fortes e dos meus pontos fracos. Isso fez com que a minha reação ao fracasso fosse totalmente diferente, porque aprendi a lidar comigo.
Consequentemente as minhas motivações aumentaram, e perdi o medo de sonhar alto.
Falhar faz parte do processo de crescimento, quando eu percebi isso o meu foco deixou de estar no que eu poderia fazer de mal, para o que eu poderia fazer de bom.
Além disso, mudei totalmente de perspetiva em relação a tudo aquilo que me tinha acontecido de menos positivo. Consegui ver que, mesmo não tendo sido bom aos meus olhos, havia aprendizagens pelo meio que me serviam para o presente e para o futuro, porque iria saber lidar melhor com as adversidades daí para a frente. Aprendi a focar-me no que está nas minhas mãos, e como não posso mudar o que está para trás, apenas posso tirar lições de vida das coisas que já aconteceram.
DA: Que mensagem queres deixar aos atletas que te admiram?
CG: Em primeiro lugar quero agradecer o apoio que sempre me dispensaram e dizer que continuarei a trabalhar para merecer o vosso respeito e admiração.
Quanto a vocês, nunca desistam dos vossos sonhos por muito difíceis que possam parecer. Não permitam que um momento menos bom vos faça desviar do vosso caminho. Se o vosso foco estiver no processo, nenhum resultado negativo vos irá abalar.
É essencial terem uma mentalidade vencedora e uma vontade indomável de conquista.
Numa frase diz-nos:
O que não pode faltar na tua vida: Família
Pessoas importantes no teu percurso: Catarina Coelho, Ricardo Vasconcelos, Nádia Tavares e Eugénio Rodrigues.
O que mudarias em ti: Nada. Sou feliz assim.
Além de carreira no desporto, o que mais queres desenvolver: Psicologia Desportiva.
Frase que te caracterize: “When you’ve got something to prove, there’s nothing greater than a challenge.”
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