ENTREVISTA: DANIELA DOMINGUES
Esta semana a DreamAchieve conversou com a Daniela Domingues, atleta internacional, representou várias vezes a nossa Seleção Nacional, e é uma peça chave na equipa onde atualmente joga, ADVagos.
DA: Daniela, conta-nos como foi o teu percurso como atleta até ao presente?
DD: Lembro-me como se fosse hoje o início da minha carreira. A minha irmã já praticava basket, e todos os fins de semana lá ia eu com a bola debaixo do braço para o pavilhão, vê-la jogar. Quando não havia jogos, ia com ela e mais os amigos para o playground. A partir daí comecei a ganhar gosto e já não passava sem a bola de basket, até na escola aproveitava todos os intervalos para jogar. (Que saudades desse tempo, que o amor ao basket é tão genuíno e verdadeiro).
Assim, iniciei a prática desportiva no Clube Desportivo da Póvoa, a minha formação, ou a parte mais importante da minha formação, foi feita neste Grande clube.
Aos meus 14 anos fui convocada para o meu primeiro estágio de observação, embora da seleção sub-15, eu estava radiante. O tempo é o meu pior inimigo e o meu maior defeito é nunca saber onde meto as coisas. Porquê eu contar isto? Logo no meu primeiro estágio e tão importante, cheguei atrasada e perdi a minha carteira com o bilhete de identidade, que mais tarde se encontrou no saco dos equipamentos. Embora estes percalços, o estágio correu muito bem. Consegui ser convidada para o Centro de Alto Rendimento de Calvão. Estava num mundo paralelo. Eu, Daniela Domingues, que só sabia correr e fazer passadas do lado direito, ia para onde? Era impossível.
É verdade, entrei no CNT, e a partir daí iniciei a minha fiel relação de empenho e dedicação ao basket. Lá ensinaram-me que tudo na vida é importante, mas o basquetebol, sim o basquetebol, está para lá da nossa vida.
Sei que já me prolonguei demais, mas penso que a fase mais importante de um atleta é o início.
Depois foi sempre a viver para o basquetebol – a grande prioridade. Participei em todas as seleções de formação e seleção principal. Para além do meu clube de coração, joguei no Barcelos (pessoas fantásticas, um grupo exemplar, adorei a experiência e só tenho de agradecer toda a amabilidade com que me receberam) e no ADVagos, onde me encontro atualmente a jogar e acho que já faço parte da “Mobília”.
DA: Sendo atleta da Liga, da seleção nacional, e tendo já estado em situações que requereram grande responsabilidade e foco da tua parte, com que mentalidade enfrentas os constantes desafios?
DD: Acho que nunca aprendemos a lidar com os desafios constantes da modalidade. Para quem gosta e quer muito, os desafios podem se tornar gigantes. Então, para responder a esses desafios com eficácia é necessário trabalhar diariamente para chegar ao excelente. Porque só assim sabemos que no momento certo o excelente é suficiente.
DA: Nesta última fase final, por muita que as equipas fossem bastante equilibradas, só um poderia ganhar. Entraste no último jogo sabendo que a tua equipa já não podia ser campeã nacional, mas ainda assim, o que se viu foi uma Daniela focada e a dar o melhor até ao fim. O que te leva a agir dessa forma?
DD: O segundo lugar é sempre melhor que o terceiro, foi este o pensamento transmitido à equipa. Mas, vou mais longe.
Não importa o lugar. O que importa é o teu orgulho, o que importa é o trabalho de uma época, o que importa são os sacrifícios feitos durante oito meses de competição.
Por isso, não ia baixar os braços só porque não conseguia ser campeã. Não, pelo contrário, queria que a minha equipa fizesse o melhor jogo da época, perante o grande público do basquetebol português, para mostrar que a minha Equipa tinha capacidade para ser campeã.
DA: Quais têm sido as tuas aprendizagens mais importantes com o desporto de alta competição?
DD: O tempo é escasso, mas há sempre tempo para tudo, é só querer. O trabalho é a melhor solução. Por muito cansado que estejas, é possível. Nunca estamos sozinhos, uma Equipa é para a vida.
DA: Para além do basquetebol, tens outra profissão. Na tua opinião, qual é a importância dos atletas dedicarem-se também a uma outra carreira?
DD: Todos nós sabemos, e não é tabu, que o basquetebol português feminino é apenas amador (por muito que me custe dizê-lo). Por isso, faz todo o sentido ter outra carreira profissional, se o objetivo não passa por jogar no estrangeiro a alto nível (mesmo assim é importante continuar a estudar).
O meu conselho mais verdadeiro é: o basquetebol não é a nossa vida, embora aos 15 anos o pareça, o basquetebol é um vício, mas a par desse vício temos de encontrar o nosso “tratamento” – outra carreira profissional.
DA: A DreamAchieve promove a importância de temas de Coaching e Psicologia no Desporto. São abordados temas relacionados ao comportamento, motivação, mentalidade, e muitos mais… Na tua opinião, qual é a importância destes temas na tua prática desportiva, e na tua vida?
DD: Existem atletas, não só de alta competição, que lidam de forma errada ou diferente com a pressão, stress ou ansiedade, que mais tarde podem se transformar em problemas para a saúde. Por isso, abordar estes temas é fulcral, ajudando os atletas a desenvolver estratégias para colmatar sintomas que prejudiquem a prática desportiva.
DA: Se pudesses dar um conselho a todos os atletas que te admiram, o que seria?
DD: Aproveitem tudo agora, cada treino, cada jogo, cada detalhe… aproveitem tudo agora, cada amizade, cada brincadeira, cada momento… aproveitem porque mais tarde tudo se torna saudade!
Em apenas uma frase diz-nos:
Momento mais alto da tua carreira:
Coletivamente, subida à Divisão A com a seleção sub-20.
Individualmente, seleção sub-18, encontrava-me fisicamente e mentalmente forte, tanto é que o reconhecimento foi tal, que nesse europeu recebi três convites de universidades nos E.U.A.
Pessoas mais importantes no teu percurso:
1º - A minha irmã;
2º - Hugo Ferreira (treinador da formação no CDP);
3º - Agostinho Dias (treinador da seleção distrital do Porto);
4º - Ricardo Vasconcelos (treinador no CNT Calvão e Seleção Nacional).
Lugar preferido no mundo:
Casa dos Pais
O que queres fazer quando terminares a tua carreira desportiva:
Continuar a orgulhar-me do Basquetebol Português
Frase que te caracterize:
Vivo de instantes, dos prazeres da vida… Vivo para disfrutar as emoções do momento! O resto… “Just let it go”!
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