FICAR PARA TRÁS
Final do treino quando estava nos Estados Unidos, e eu estava a ficar para trás... Era o quarto suicídio seguido que fazíamos e eu ainda estava dentro de campo. O objetivo do exercício era chegar primeiro, se conseguisses podias ir tomar banho, e eu ainda não tinha conseguido chegar à frente.
Quatro das minhas colegas já estavam safas, as mais rápidas.. Senti que era a minha vez! Estava super cansada mas confiante. Primeiro percurso bem, mas começo outra vez a ficar para trás... No último sprint começo a apanhar a minha colega que está à minha frente, mas ela também não queria fazer mais um suicídio... Então empurrou-me, eu caí no chão, e ela chegou primeiro.
O preparador físico anunciou o nome dela, como a jogadora que podia ir tomar banho depois do quinto suicídio. Sento-me injustiçada! Ridículo! Ela empurra-me e ganha!
Não havia volta a dar, tinha que correr de novo, e correr bem, senão ia ficar ali até às 16 jogadoras chegarem todas antes de mim. Sim, éramos 16... Isso quer dizer que a última jogadora tinha que fazer 15 suicídios.
Íamos para o quinto, cinco jogadoras já a descansar, e eu tinha uma decisão para tomar: Ou reclamava, amuava pela injustiça e perdia as forças por causa daquele filme todo (até porque tinha que reclamar em inglês e isso ia consumir-me ainda mais energia); ou ignorava o que tinha acabado de acontecer e metia tudo o que tinha em chegar primeiro!
Respirei fundo enquanto caminhava no campo para recuperar fisicamente, e mesmo sabendo que já tinha acreditado que ia chegar primeiro da última vez, disse-me a mim mesma de novo: “É desta!”
Preparei-me! 3, 2, 1... GO!
Os meus pulmões tinham facas, custava-me respirar, e durante o percurso comecei a ver pintas às cores...
Último percurso, e estava a ficar para trás outra vez, tinha duas colegas à minha frente.
Numa fração de segundo pensei: “Se perder agora paciência, também já devia ter ganho na vez anterior, mas fizeram-me batota.”
Na fração de segundo seguinte pensei: “Não quero correr mais!”
Acelerei como uma louca, a correr só com as pontas dos pés e a sentir os meus músculos das coxas a rasgar! Passei à frente delas duas, cheguei em primeiro, fui contra a parede e não conseguia respirar. Mas não fazia mal, podia ir descansar agora, sem desculpas, mérito meu!
Constantemente temos esta escolha para fazer: Culpar o que nos rodeia pelos nossos fracassos, ou focar-nos no que depende de nós. A questão ali não era se eu tinha razão, a questão era se eu queria alcançar o meu objetivo. As desculpas, as lutas por justiça, as justificações, tiram-nos força para fazer aquilo que depende de nós.
Eu estava cansada, fui injustiçada, empurrada, mas só havia uma coisa que eu podia fazer: CORRER! Então foi isso que fiz.
Quando estiveres a ficar para trás, pensa nisto... queres ter razão ou queres chegar primeiro?
A tua atitude responde por ti.
Até para a semana!
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