O QUE NÃO É SER BIPOLAR
Alguns diagnósticos psicológicos estão a ser banalizados. Um exemplo é o da bipolaridade.
Tenho conversado com um número considerável de pessoas que têm um diagnóstico pré-estabelecido, e pasmem, nem sequer feito por um profissional.
Parece que agora qualquer pessoa se pode auto-diagnosticar, e dos auto-diagnósticos que mais tenho observado, logo a seguir à depressão e à hiperatividade, é a bipolaridade.
Mas hoje, em vez de dizer O QUE É SER BIPOLAR, correndo o risco que alguém diga "Estás a ver? Eu tenho isto!", eu vou dizer O QUE NÃO É SER BIPOLAR.
Não se é bipolar por se mudar de ideias muitas vezes, isso pode acontecer por indecisão ou por algum tipo de insegurança.
Não se é bipolar por experienciar uma simples mudança de humor. Há mulheres, por exemplo, que numa certa altura do mês, devido a alterações hormonais, sofrem de mudanças de humor mais bruscas.
Não se é ser bipolar por hoje se estar feliz com algo, e amanhã triste com o mesmo. Pode-se simplesmente ter percebido que, o que aparentava ser bom, afinal não é.
Não se é bipolar por hoje gostar de uma pessoa para manter um relacionamento, e amanhã descobrir que já não. Entre muitas outras hipóteses, pode ser uma dificuldade em criar relações profundas.
Tambem não se é bipolar ao dizer que sim a uma proposta, mas no fundo querer dizer que não. Isso pode apenas ser uma dificuldade em expressar o que se pensa, e preferir agradar às pessoas, dizendo constantemente que sim aos seus pedidos.
Se depois de ler isto ainda achas que o teu comportamento, ou de alguém próximo a ti, está relacionado a alguma condição psicológica, consulta um profissional. Se existir realmente algum diagnóstico, mais cedo se dará início ao tratamento.
Mas o que te pode prejudicar a sério, é achares que tens algo, não tendo, e repetires constantemente que tens ou que achas que tens.
Visto que a mente inconsciente obedece (mais cedo ou mais tarde) aos nossos comandos, o mais provável é que comeces a comportar-te como tal. E talvez até te transformes em algo que não és.
Assustei-te o suficiente?
Então das duas umas: Ou te deixas de coisas, ou vai a um psicólogo.
Se ficares entre esses dois, és apenas uma pessoa que está sempre a queixar-se.