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|| DreamAchieve || Sports & Performance

Psicologia do Desporto e Performance || Coaching Desportivo e Empresarial || Formação

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Já não é a primeira vez, nem acredito que será a última, que alguém me diz que ter uma vida de atleta faz com que se percam imensas coisas, que é um desgaste enorme, e que apesar de ser giro, não é vida para ninguém. 

 

Realmente pode dar essa impressão. Ter uma vida de competição faz com que andes a maioria do tempo cansada, indisponível, sem tempo, longe de família ou amigos, e a viver exigências que outros não vivem.

Normalmente o tempo livre de um estudante ou trabalhador é o fim da tarde e noite, e os fins-de-semana. Jantam fora, vão a aniversários, casamentos, cinemas e convívios sem qualquer problema. A vida dita "normal" tem essa margem de manobra para tempo de lazer. Mas um estudante-atleta, ou atleta profissional, até mesmo para nos dedicarmos mais às pessoas de casa, é difícil... Aos fins de tarde e noite é hora de treinar, e fins-de-semana, hora de viajar e jogar.

Estudar horas seguidas, mesmo que tivesse tempo, era difícil aguentar a ler durante muito tempo sem ficar com sono, por causa do cansaço acumulado. Trabalhos de grupo é quase impossível, porque não coincidimos num horário para nos encontrarmos com os nossos colegas. Ir a uma palestra ou workshop fora das horas das aulas é muito difícil, porque até para ir às aulas todas já é um malabarismo. Para quem anda nas seleções destritais e nacionais, podem também esquecer férias de Natal, Carnaval, Páscoa e Verão... São preenchidos por estágios e competições. 

 

Agora pensa um pouco neste discurso acima... Estão a entender o problema? Enquanto se fala de tudo o que um atleta "perde" por estar a treinar, não se fala do que estamos a ganhar, quando não estamos a fazer essas coisas ditas "normais". Tudo o que descrevi acima é o que normalmente se faz, quando seguimos o ritmo normal das coisas, só que naturalmente um atleta tem um outro ritmo. Um atleta não "perde", um atleta "ganha". Ele não deixa de fazer coisas, ele apenas faz coisas diferentes. E que coisas...  

 

Esta foto foi tirada por uma das minhas colegas de equipa, por brincadeira, numa viagem que fizemos a França para competir na Liga Europeia. Além da França, nesse ano fomos a Russia e Bélgica, onde já tinha estagiado pela seleção. Nesse ano já tinha ido à Lituânia também, a um Campeonato da Europa. Além desses países fui a outros 24 em competição ao longo da minha carreira, incluindo Itália, Irlanda, Estados Unidos, Grécia, Luxemburgo, Bulgária, Polónia, Macau, Suécia e Inglaterra... Alguns deles mais que uma vez. Umas vezes tivemos mais tempo para passear, outras não, mas todas foram experiências incríveis. 

 

Conhecemos imensa gente, outras culturas, outras mentalidades... Cada viagem é uma aprendizagem que não vem em livros. Há coisas que, por muito que nos sejam ditas, só ficam dentro de nós depois de serem vividas.

 

Além de todas estas andanças únicas, fazer parte de uma equipa não tem preço. Passar pelas dificuldades, pelas derrotas e vitórias, pelos treinos bons e treinos maus... Tudo isso faz com que tenhas experências pessoais que num outro sítio, sentada a tomar café com colegas, não tens. Por isso é que normalmente, quem praticou desporto, principalmente coletivo, sabe trabalhar em equipa como ninguém. 

 

À parte de tudo isso, ganhas um espírito de sacrifício e entrega por tudo o que fazes. Tudo a que te propões, queres fazer bem e com paixão. Sabes que tudo é possível porque tiveste jogos em que tudo parecia perdido e deste a volta. As analogias entre o que fizeste dentro de campo, e aquilo que hoje tens para conquistar na tua vida, são infinitas. E não, ninguém te pode ensinar, a não ser que tenhas estado lá. 

 

São poucos os meios onde podes adquirir tudo isto, o desporto de competição é um deles. Não sinto que tenha perdido nada, sinto que ganhei e muito. Se tivesse tido o ritmo de vida chamado "normal", hoje não teria nada para contar, nenhuma vontade de inspirar, nem nada para dar. 

 

Tudo depende da forma como olhas para as coisas, e isso depende daquilo que está dentro de ti. Eu não acho que a minha temporada como atleta tenha sido sacrificada, muito pelo contrário, foi espetacular!

 

Qualquer pessoa pode dizer que foi a um casamento, mas poucos podem dizer que foram num grupo de amigos competir na Russia, e que depois do jogo, estiveram na rua a atirar neve por brincadeira, numa temperatura de 13 graus negativos. 

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 E muitos podem dizer que foram jantar fora com colegas da escola ou universidade, mas poucos podem dizer que foram em equipa passar 15 dias no sul de Itália para um Campeonato Europeu, num hotel à beira da praia.

 

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E sim, deu tempo de irmos conhecer Roma...

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Também muita pessoas podem dizer que participaram em todos os eventos de família, mas poucos podem dizer que cantaram o hino nacional antes de uma competição onde tiveram oportunidade de representar o seu país. 

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Muitos podem dizer que tiveram uma vida estável, e que tudo correu dentro da normalidade até conseguirem concluir os estudos e começar a trabalhar. Poucos podem dizer que viveram em vários sitios, ao terem a oportunidade de serem contratados para equipas fora da sua zona de residência. Vivi no Funchal, em Coimbra e em Madrid. 

 

Muitos podem dizer que fizeram muitas coisas, e todas elas serem boas, mas acreditem que o que os ateltas fazem também é bom, e muito. 

 

Só para concluir, apesar de nem sempre poder fazer as coisas ditas normais, também fui ao cinema, fiz praia, também tive algumas férias, fui a alguns casamentos e eventos familiares. À parte disso terminei a minha Licenciatura no tempo requerido, Mestrado e trabalhei em Espanha. Ou seja, nada ficou perdido, fiz tudo o que tinha que fazer, e ainda acrescentei experiências espetaculares. 

 

Ter uma vida assim é um sacrificio ou uma oportunidade? Talvez seja um sacrifico que nos oferece imensas oportunidades!

 

 

 

 

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